Iluminated Feelings
Vamos escrever sobre o que nos apetecer, da forma que sentirmos, sem nunca pensarmos porque é que o continuamos a fazer...
Frase do Dia
- "Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"
terça-feira, 30 de maio de 2023
Do outro lado da montanha
quinta-feira, 13 de abril de 2023
Num instante
Num instante tudo muda.
A tua presença vira ausência.
O que era o dia, a rotina, o toque, desaparece como a leveza do que nunca existiu.
No negrume, vem uma nuvem que me adormece os sentimentos e a energia.
Fico só.
Fico só com aquilo que existe para além de ti-aquilo que pensava ser tanto.
Apercebo-me que preencheste muitos dos espaços que nunca deixara ninguém vislumbrar ou ocupar.
Entraste de rompante e criaste raízes profundas sem pedir, com a naturalidade de quem prometeu, sem palavras, ficar.
Hoje, neste instante, saíste sem deixar recado.
Deixaste-me no silêncio.
No meu íntimo, sempre soube que este dia ia chegar, porque quem como eu nunca abre as portas a ninguém, sabe que nada do que nasce pode durar para sempre.
É esta a beleza da efemeridade.
No final, julgo estar a sorrir, porque partiste para ser feliz.
E eu, que fui apenas o lugar de um tempo bem passado, dissipo-me do que fomos e encontro novos horizontes.
É esta a magia do instante: quando a nuvem passa, há muito mais para além do que se via.
quarta-feira, 1 de março de 2017
Saudade crua
Esta é a história da saudade crua. A saudade sem esperança que a cada dia me acompanha nos corredores escuros do pensamento.
Todas as vezes que me encontro comigo num hiato de minutos percorro aqueles três dias de agonia. Vislumbro olhares, volto a sentir o medo, a tristeza. Oiço as vozes que se fizeram música ausente. Pressinto de novo a tua partida e repito sem fim as frases, os movimentos, as decisões.
No longe ainda vejo o carro de vidro percorrer quilómetros sem regresso, sinto nos dedos a terra derramada e reflecte-se na água das minhas lágrimas o teu último suspiro.
Esta é a história da saudade crua. Uma saudade diferente de todas aquelas que vivem à custa dos encontros e reencontros. A saudade crua só existe entre os mortos e os vivos e faz-se altiva, penetrante e dolorosa à custa da linha intangível que separa este Mundo e o Outro.
Para esta saudade não há remédio, não há ressalva ou ponto de retorno. Só o esquecimento, que o tempo se encarregará de construir, poderá algum dia reconfortar a alma.
Se assim não fosse, se me lembrasse de ti para sempre como hoje me recordo, a saudade do futuro seria tão crua como esta do tempo presente.
Uma saudade triste, vazia e sem a esperança do reencontro.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Orla marítima
domingo, 19 de junho de 2016
Cada vez mais longe de sermos Homens. Cada vez mais perto do que nos distancia
As cartas que nos escrevíamos guardam o pó das alegrias passadas.
Frases infindáveis de desejo, sentimento ou simplesmente histórias que nunca tinham por onde terminar preenchem papeis carcomidos pelo tempo e esquecidos por descuido.
As cartas de hoje não se escrevem.
As nossas partilhas não se fazem mais de crónicas ou versos ansiosos de despontar no outro o irremediável sentimento de saudade e vontade de estar junto.
As nossas partilhas são hoje artifícios, imagens perfeitamente esculpidas e inertes na sua acção. São verdadeiras obras primas: intocáveis, silenciosas, solitárias.
Quanto tempo vamos passar assim?
Quanto tempo conseguimos nós, seres sedentos de contacto, viver nesta alienação?
Dou por mim a pensar que talvez tenhamos chegado a um ponto sem retorno. Talvez a necessidade de ser feliz tenha verdadeiramente sucumbido à necessidade de parecer feliz.
Noutros dias, de maior esperança, penso: não é possível ficar aqui para sempre. O ser Humano não consegue fugir ad eternum aos seus instintos familiares, às suas necessidades mamíferas de afecto. Haverá com certeza um momento em que todos fugiremos desesperados destes artifícios há muito unidos por pontes intransponíveis.
As revoluções sempre chegam, dizem. E eu acredito.
Acredito que quando for a hora de fugir desta bomba relógio de ilusão, acabaremos por regressar aos que nos pertencem. Porque não existe casa, lugar ou realidade melhores, que o coração daqueles que escrevem cartas.
quinta-feira, 3 de março de 2016
Confessemos
- Somos histórias inacabadas, incapazes de se apagarem ou reescrever. Seres imaculadamente incomparáveis aos enredos penetrantes dos livros que lemos, pela simples necessidade e desejo de finitude.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Espaço
domingo, 13 de dezembro de 2015
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Diz-me
As luzes foscas da tua noite recordam-me o que é sentir o transpirar da agonia na tua ausência.
O som longínquo, perdido entre as chamas das velas do teu altar, lembra-me que o tempo há muito te deu o toque de partida.
Nessa eternidade distante que criaste, no meio de uma multidão tão ausente como tu, lembras-te de mim?
Ainda consegues imaginar o que é sentir reencontros?
Ainda consegues entreter a mente com os sorrisos rasgados que ecoavam nos Mundos que criávamos em brincadeiras?
Diz-me, há quanto tempo deixaste de acreditar na tua imaginação?
Todos os horizontes que vejo lembram-me que existes algures longe de mim.
Mergulhaste há muito nas perdições da vida, como se de um limbo se trata-se. Voltas por breves momentos à superfície onde me encontro e tocas-me ao de leve como dantes.
Se calhar nunca te disse, mas as tuas mãos são como penas na minha pele. Tocam-me suavemente e logo voam para lugares distantes.
Diz-me, algum dia pensaste em escrever-me?
Algum dia pensaste em contar uma história como esta?
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
in Cartas para Ti
Naquele rasgo de olhar tão profundamente teu, ainda encontro o sabor a Vida, o mesmo sabor de sempre, o Único.
Contorno-te em todos os traços da tua face, dos teus lábios e das tuas palavras, como sempre o fiz e como sempre irei fazer. Não há cansaço que me impeça de percorrer a cada segundo a imensidão que és, essa força da Natureza, esse espírito selvagem indomável pela minha razão ou pelo meu próprio Amor vagabundo.
E todo o impulso começa diabólico a crescer dentro de mim quando te percorro e quando te penso. Mas Hoje não me detenho. Percorro-te, ouço-te e digo-te adeus, sempre, como se fosse a última vez.
Há muito tempo que já descobri que não sei escrever para ti, saem-me versos toscos de quem reune demasiado sentimento, demasiado fogo para a inutilidade das palavras.
Agora faço o que se faz quando já se viveu na distância: Sinto-te. Mas sinto-te tanto que queria que sentisses os meus vasos a pulsar, o meu coração a bater quando te sinto. É demasiado para as palavras, é demasiado para te dizer o que quer que seja, é demasiado para o que esta vida suporta ver. (Sabes, acredito mesmo que há Amor que a própria vida não aguenta).
Pois bem, Sinto-te. Só isso. A ti e à felicidade plena que existe em mim quando por breves instantes partilhamos um espaço que é de (novo) nosso.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Pura física
És só Tu nesse instante em que te lanças ao mar.
Sentes a água deslizar pelos dedos das mãos e as pontas dos pés ganham formas conscientes.
A cabeça guarda uma única questão clara que nunca se alastra a metafísicas: Vou conseguir apanha-la?
Tudo isto de tão pouco e tão nítido é tudo o que conta nesse instante.
De repente em pé. Uma fracção mínima ainda que gloriosa do tempo.
Segundos.
Segundos felizes duradouros como horas ou meses de conquistas.
Fracção limpa, curta, preenchida, onde só a mente se dilui num vácuo ténue de unidade com a Natureza.
Ainda que haja nesta aventura do físico, instantes badalados a sonoridades inconscientes, o hiato vivido foi único e exclusivo de um corpo sedento de si mesmo.
(Nunca)
Acrescento...
Salvo se:
- Foste só e queres voltar só;
- Foste só e queres voltar acompanhado.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Mas não, ontem voltaste-me e agarrei-te como se fosse a primeira vez que te recordava.
Dois dias a seguir foi o meu "cumpleaños" e pensei "Joder! Hay que celebrar un día más de vida!". Foi instantânea a reação e não fiz mais nada senão procurar os meus sapatos preferidos. Aqueles que sempre me acompanharam no que mais gosto de fazer: "Bailar". Tirei-os do armário, vesti um vestido lindo "Que guapa estaba" e desci ao piso inferior.
terça-feira, 12 de maio de 2015
Viagem
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Hoje é simples e curto.
Bolas, é tão Bom.
sexta-feira, 13 de março de 2015
Há copos que não se esvaziam
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
O fenómeno
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Caminhos de ferro
Os caminhos de ferro seguem firmes pelas paisagens infinitas de perder de vista. O que vislumbram é tudo o que a vida alegoricamente pode dar: a respiração nos prados verdes, a liberdade nos riachos alagados de cristais, o amor nos casais apaixonados, a perda e o terror nas lágrimas derramadas entre faces de vultos intocáveis.
Passam. Rectos, estóicos, seguros e salvos por uma falsa imunidade carente de exposição aos antigénios vitais.
Contínuo movimento. Paragens obrigatórias. Tudo como previsto nos relatórios de circulação prescritos por entidades alheias.
Mas até eles, espiritualmente amorfos, têm os seus pequenos desvios.
Desvios esses que os sustentam nas pequenas alterações térmicas, subjacentes às variações a que nenhum material, mais ou menos vivo, pode fugir.
No mínimo desvio, que nada mais cumpre que as leis da termodinâmica, eis que se impede o descarrilamento.
Imaginem-se agora os irrequietos de espírito que seguem nos seus próprios veículos.
De que precisarão mais para além das omnipresentes leis da física?
Mais certamente, sempre mais.
E por isso vivem e não somente vislumbram.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Interregno
domingo, 4 de janeiro de 2015
Alma gémea
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Um coraçãozinho
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
A janela
Sou mais feliz aqui? Não sei.
É tempo de viver o tempo no qual me atrevi a perder-me.
sábado, 19 de abril de 2014
Histórias
Quando as histórias deixam de ter linhas por escrever, os poetas dessas escrituras tornam-se seres inanimados no espaço humano. A missão desses Seres finda e os dias terráqueos acompanham o fim desse ciclo. As manhãs já mais não têm luz e as estrelas não se esteiam no céu nocturno.
A vela do teu adormecer, apagada pelo teu sopro ausente, calou esse meu espírito de poeta. Ele que nesse sopro deixou de acreditar, de ansiar, de espectar e de esperar por qualquer coisa no destino.
Porque o ensinaste Senhor a esperar? Quando a sua espera se faz de outros humanos que não concluem, que se apagam e que se calam em nome de nada.
Aprende, que a espera torna-se este movimento inconclusivo cheio de promessas quebradas e de um vazio de amor que nos destrói por cada segundo a mais.
Por isso, quando te pedia que me contasses uma história, não era em vão. Era por isto, para que o significado de escrever, nas linhas da vida, não fosse tão lábil como essa chama que apagaste num sopro.
Quanto te pedia que me contasses uma história era porque precisava de um outro poeta junto a mim que não me deixasse findar e me acompanhasse num futuro apelidado Esperança.
domingo, 13 de abril de 2014
Alma tua
Alma tua,
Ausente, distante, nublada.
Misteriosa pelo que foi,
Revertida, fraca, amorfa
Pelo que nunca será.
Alma tua,
Que viajou sem destino,
Sem nunca se encontrar.
Perdeu-se,
Sem a força do libertar.
Alma tua,
Que não me entende,
Que lacera e deixa pó estelar.
Um pó de Vida,
Que trarará virtude
A outro universo que não o meu.
Alma tua,
Longínqua, esquecida, fugaz.
Que representa o tempo,
E tudo aquilo que não fui capaz.
Alma tua,
Que de tua nada tem.
Porque bem sabes,
A alma que digo ser tua,
É só a condição do que
me convém.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Aceitar
O acto de resignação para connosco.
Aceitar é ainda a pedra lacerante do nosso orgulho, da nossa chama.
Porque nada em nós ou no que nos rodeia nos incita à aceitação.
Aceitar o erro, a perda, o desgosto.
Aquilo que nunca me poderás dar
E aquilo que não sei dar a ninguém.
Aceitar, resignar, deixar.
Para quê tanto pó levantado?
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Há dias definidos
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Tormento
Espírito este atormentado,
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
O fim do Mundo
No despertar depois de uma noite fria, solitária, negra
A claridade do sol polar embatia nos glaciares milenares.
A vida tinha passado muito poucas vezes por ali,
E eu já sentira mais miséria numa noite que em vinte anos de vida.
Encorajada pelo selvagem
E pelo doce sabor do "nunca antes feito"
Sai pela porta do meu abrigo,
Respirei fundo,
E já com o rosto embebido em cristais de gelo disse sem hesitar:
"Estou Viva".
Não era o gelo esculpido pelo tempo,
Não era o chão imaculado de pegadas humanas,
Não eram as águas intocáveis pelo vento,
A razão da minha existência aclamada.
Tudo isso me permitia mover,
Verdade.
Mas a razão não,
A razão de sobreviver não era essa.
Na incredulidade nas forças da Natureza inerte ou na Coragem,
O meu coração descansou por fim ao perceber:
O que me salvara fora o desejo de chegar ao fim do Mundo.
Eu sabia.
Sabia que era esse desejo, essa procura,
Que nos salvam sempre a nós,
Os sonhadores.
E aqui está o busílis da questão:
O desejo,
ou a crença no mesmo,
tinham desaparecido em mim.
Estava embalada pela inércia dos dias...
E foi em ti,
eterno terráqueo,
que voltei a encontrar
a possibilidade e desejo de chegada ao fim do Mundo.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Abrir os olhos
Abrir os olhos ao acordar.
Um movimento simples,
Único,
Involuntário.
Somos chamados à vida nesse instante,
Por uma qualquer essência,
Uma qualquer força,
Que nos quer deixar a novidade no olhar.
Não sou nada,
Nesse instante antes de abrir os olhos.
Mas tão somente uma alma adormecida
Incapaz de prever o que me querem dar a conhecer.
Hoje, quando abertos,
És Tu.
És Tu quem se deita ao meu lado,
Diante dos meus olhos ainda trémulos.
A essência trouxe-te.
E depois de tanto tempo,
Sem acreditar no Amor,
Eu entendi que agora tenho,
O sentido e a vontade de sorrir...
De olhos abertos.
sábado, 30 de novembro de 2013
Um excerto do Livro (sem título)
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Cruzar
No fim de uma tarde de trabalho,
Com o Sol de Lisboa e o cheiro a castanhas de Outono
Vejo-te do outro lado de uma rua que é minha todos os dias.
A vida é assim.
Encarrega-se de se fazerem cruzar por nós,
Aqueles com quem nos devemos voltar a cruzar.
O valor que damos a esse reencontro,
O que fazemos com o que vemos e sentimos,
Já está por nossa conta.
E a cada vez que ignoramos o reencontro,
A cada vez que desejamos que ele aconteça noutro lugar,
Noutro momento,
A vida tira-nos, a pouco e pouco,
As chances de nos voltarmos a cruzar.
Pouco a pouco,
Dia a dia,
Até que a memória se canse
Ou a saudade se mate.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Aqui
Em dias como este, vejo-me a não pertencer mais aqui.