A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as mais profundas barreiras interiores.
A viagem acontece quando acordamos fora do corpo, longe do último lugar onde se pode ter casa, um nenhures inabitável, onde à solidão apenas se opõe o sonho impenetrável de ter partido.
Quem parte treme, quem regressa teme.
E qual a linha ténue que separa este segredo do Sagrado?
Não existe resposta metafísica para a falácia da condição de viajante. Do processo de ida, de ultrapassagem dos limites e do regresso apenas sabemos o óbvio: Recordamos.
Recordamos em filme de memórias nítidas o que fomos, o que tivemos e em playback vislumbramos um desfile de imagens que perdura incessante no nosso Eu do agora.
No íntimo de nós, sabemos que quem se lembra tanto de tudo é porque espera pouco mais da Vida.
No íntimo de nós, sabemos que já só nos resta o medo de sermos hoje, tão somente, o que fomos e tivemos um dia.
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