No despertar depois de uma noite fria, solitária, negra
A claridade do sol polar embatia nos glaciares milenares.
A vida tinha passado muito poucas vezes por ali,
E eu já sentira mais miséria numa noite que em vinte anos de vida.
Encorajada pelo selvagem
E pelo doce sabor do "nunca antes feito"
Sai pela porta do meu abrigo,
Respirei fundo,
E já com o rosto embebido em cristais de gelo disse sem hesitar:
"Estou Viva".
Não era o gelo esculpido pelo tempo,
Não era o chão imaculado de pegadas humanas,
Não eram as águas intocáveis pelo vento,
A razão da minha existência aclamada.
Tudo isso me permitia mover,
Verdade.
Mas a razão não,
A razão de sobreviver não era essa.
Na incredulidade nas forças da Natureza inerte ou na Coragem,
O meu coração descansou por fim ao perceber:
O que me salvara fora o desejo de chegar ao fim do Mundo.
Eu sabia.
Sabia que era esse desejo, essa procura,
Que nos salvam sempre a nós,
Os sonhadores.
E aqui está o busílis da questão:
O desejo,
ou a crença no mesmo,
tinham desaparecido em mim.
Estava embalada pela inércia dos dias...
E foi em ti,
eterno terráqueo,
que voltei a encontrar
a possibilidade e desejo de chegada ao fim do Mundo.
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