Maldito interregno este que me ocupa e dissimula, que corre como um veneno insólito e entranhado no jogo confiante de que um antídoto eficaz tardará em chegar.
Interregno por ser o período que decorre entre o momento em que me conheci e o futuro que não sabe até onde se irá perder.
Maldito, porque habita corrosivamente nesta nuvem que a nenhum corpo, razão ou destino pertence.
As lutas incessantes preenchem este hiato e trazem-me por vezes ao rosto gargalhadas descabidas e desorientadas, típicas de quem teme e de quem se vê, já em idade adulta, a espreitar a porta da saída do armário.
Sinto o ridículo.
Tantas e tantas vezes com tantas certezas. Tantos sonhos. Tantas vontades. E de repente uma sensação de vazio incontrolável, uma nebulosidade que não passa com o despertar e que não desaparece com um copo de vinho demasiado cheio.
Onde estou?
Será que a Puta da vida armou-se agora em senhora e quer ser tratada pelo nome?
É doloroso. Mais ainda, para quem pensa, repensa e volta a cair no erro de pensar.
Conto os dias para o terminar desta tortura que até do sono se alimenta.
Que desgarro incomensurável de mim.
Que é feito de ti, espírito de alento e desejo?!
Volta, porque não há maior saudade que aquela que nutrimos por nós mesmos.
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