O fenómeno do "Continuar a Gostar".
É surpreendente a capacidade que o Homem tem para continuar a Gostar de algo ou de alguém. Não me deixa de impressionar, apesar da maioria tomar como garantido, a forma como o coração nos orienta. E o sentido é único, mesmo estando cada um de nós sujeito a um rodopio de estímulos diários que poderiam facilmente promover a alteração de rota.
A verdade é que as mentes mais racionais explicam este fenómeno à luz de um trabalho diário, incessante e silenciosamente obsessivo. No entanto, tanto a experiência como a observação me têm mostrado que parte deste, advém de elementos exteriores independentes do nosso trabalho, dedicação ou cuidado.
Injustos, inglórios e demasiado imprevisíveis. São os apelidos que geralmente atribuimos a esses elementos. Concordo. Muitas vezes concordo. Mas neste campo específico, da Arte de Gostar, a verdade é que o encanto do que está por fora do domínio da vontade se sobrevaloriza. Chega a ser mágico o inexplicável que é, dia após dia, experiência após experiência, Continuarmos a Gostar como no primeiro dia em que o fenómeno "rebentou".
Mais do que continuar, na verdadeira acessão da palavra, como quando perseguimos uma linha recta monocórdica, o fenómeno do "Continuar" exerce-se numa sucessão de picos.
Sentimos na pele dos dias os Altos e Baixos inerentes ao Tempo que inevitavelmente nos toca, mas quando nos olhamos numa perspectiva extracorpórea o que se vislumbra é uma linha activa, que brilhantemente se desenvolve no infinito.
Que continuemos a deixar e a saber "Continuar a Gostar".
Mas que seja claro (porque nem sempre se pode fugir ao racional) que os referidos Picos que reluzem a recta são como as transmissões de um electrocardiograma. Inteiramente dependentes de um impulso eléctrico transmitido entre dois pólos.
Sem comentários:
Enviar um comentário