Frase do Dia

  • "Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Voltar

O regresso trouxe-nos de outro maneira.
Somos agora mais felizes, mais fortes...
Somos Homens que vieram do campo e só isso, diz tudo.
"Tudo posso naquele que me fortalece"

domingo, 11 de dezembro de 2011

Tudo o que existe ou é para nós, começa por se formar de uma nesga de real. A seguir vem o abstracto que dura, perdura e faz do que vemos aquilo que queremos. Uns dias mais umas nesgas. Juntando umas peças... E pronto. Percebemos, às vezes, que o que criamos está a milhas do que é, do que foi ou do que significa.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Por tanto procurei

Por tantas coisas procurei.
Por tantas vezes busquei aventuras ou escapadelas que pudessem trazer à Vida o que nem sempre a vida dá.

Tanto e tanto tempo.
Tantas e tantas coisas.
Tanta e tanta gente.

 E nada...

Até que, me apercebi que a maior de todas as aventuras é afinal, a de resistir às forças do fracasso.                                                                         

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"A incompreensível dor de mim"

O número de leitores deste blogue não é muito grande, no entanto, não poderia deixar passar a oportunidade de "publicitar" um dos livros que mais me marcou nos últimos tempos (mesmo não tendo grande esperança que a mensagem se difunda).

Para os que me conhecem, bem sabem o quanto gosto de um bom livro e, o quanto deposito nos mesmos...é verdade, acredito plenamente que um livro, uma história, uma qualquer coincidência, descoberta nas entrelinhas de um autor próximo ou desconhecido, que se encaixe na nossa vida pode ser a prova de um elixir que há tanto tempo procuramos.

Este blogue, que na Internet perdura há já uns aninhos, nasceu pelo teclado de um grande companheiro e familiar, o meu primo, autor deste livro de que vos falo. Esse mesmo primo, que mais que um exemplo de trabalho, de personalidade, de abraço forte...é um exemplo humano e o melhor contador de histórias que algum dia conhecerei, realizou o sonho de passar para o papel a maior e mais emocionante experiência...A própria vida.

O maior dos gostos dos últimos tempos foi ler um livro, que já tendo sido lido na obscuridade das folhas impressas numa impressora caseira, pareceu novo. A vida deste Homem é uma eterna novidade a cada vez que abro uma página.

A história, se a quiserem seguir, existe. Se quiserem uma história melhor, que é a que se encontra no acaso, experimentem abrir um dia uma página e, o desejo de mais, crescerá a cada dia que descobrem uma alma que viva habita por entre as ilustrações de um pequeno mundo às letras.

Melhor e mais não se podia esperar da literatura. Não é pesado nem leve. É o que se procura, de tal modo que me vejo incapacitada de atribuir qualquer adjectivação à dita obra. O que nos sai é o suspiro de sentirmos que, afinal, ainda existimos, ainda temos algo que nos une, ainda somos alguma coisa para alguém.

Umas palavras do autor:


Ontem aprendi...Gostava que o meu livro fosse um movimento... um movimento que está desconhecido, mas que as pessoas já desejavam... para não se sentirem sós nesse sentimento... Gostava que o meu livro fosse aquilo que as interligasse... Gostava. Cada vez é mais importante a história, contar uma história...não a que está no livro, mas aquela que é o movimento, a que nos une...a que todos sentimos...Não estudei o 'mercado', só queria contar a história no meu conceito ou no vosso conceito...

Para os curiosos e interessados visitem:
http://www.facebook.com/home.php?#!/pages/A-Incompreens%C3%ADvel-Dor-de-Mim/185476898191813

Que mania essa de achar que tudo tem uma razão de ser, que tudo se explica, que tudo existe...

Há coisas que nunca te saberei dizer

Há coisas que nunca te saberei dizer.

Nos recantos de nós, vamos sendo mais do que algum dia seremos.
Vamos cantando, quando o sol assim o permite.
Vamos deambulando quando as noites não terminam.
Vamos criando espaços, tempos e verdades que não existem no Mundo que construímos.

Tantas e tantas coisas que somos em nós, que nunca terão a possibilidade nem a coragem de serem libertadas.
Não que traga estes segredos de um outro eu que não se expressa... Não que traga uma verdade ou virtualidade que valha a pena... Não que sinta este verdadeiro sentido de unidade para falar de um nós que só em mim habita.
Não que ache que todos sentem ou todos falam.

Quase nada é certo, já se sabe.
E apesar de não correr comigo a certeza na demanda do futuro,
Sei,
Que há coisas que nunca te saberei dizer.

domingo, 13 de novembro de 2011

Parece

Parece que ainda vemos alguma coisa.
Parece que ainda sentimos a inquietude pela brisa marítima, o receio quando passamos a ponte que nos separa.
Parece que ainda somos frios quando nos provocam, ou amargos quando sentimos saudade.
Às vezes, até parece que sentimos a calma com o jazz ou o desejo de revolta com o amanhecer. Parece que vamos ser assim para sempre e contar na eternidade o tempo que há-de chegar, o  tempo de sermos velhinhos a olhar para a vida como o belo livro que se anseia desfechar, mas nunca acabar...

Tanto parece e tanto deixa de parecer, quando pela primeira vez reconhecemos que o parecer é tudo uma questão de perspectiva.
Pareceu, parece..e daí?

Quem garante o que é ou o que há-de vir?

terça-feira, 8 de novembro de 2011

-"Sabes uma das coisas que ainda me fascina?"
-"..."
-"A ausência de inveja na Amizade."


domingo, 6 de novembro de 2011

Apocalipse de nós




Se puderes imaginar a fracção de segundo mais bombástica da explosão do Bigbang
Consegues perceber (1) pouco do Apocalipse que vejo na junção da tua alma com a minha.

Não achas possível?
Bem sabia que da maioria vivem os fracos.

Voltar

Não sei se volto deste sítio onde me perdi.

Voltar
era quebrar o que nos separa,
era arriscar partir o pouco que trago dentro.

Voltar, só por si, era perder mais do que aquilo que perdi ao partir.
E quando parti, não perdi...quase nada.


Se quiseres

Se quiseres vir...
Eu tenho a morada do lugar onde sempre quiseste chegar,
Eu tenho o tempo na eternidade para vivermos o que sempre sonhaste,
Eu tenho o Amor que será sempre maior do que os números infinitos que representas na tua mente.

Eu tenho tudo.
Menos a certeza.

Pelo mísero que nunca tem vontade de ser e pela partida que não existe.Rogam-se as pragas e nunca a oração.
Por todos os não tentados e pelos que nem sonhados foram. Despe-se o véu da mentira que os encobre.

Os defuntos no lugar deles.
As almas no limbo...o lugar delas. 



Quando sentires a ausência de nada.
És tu
Morto.

domingo, 23 de outubro de 2011

Passar o Amanhã




E os sonhos começam a valer mais, quando o abstracto desejado passa a realidade prometida.
Amanhã já quero acordar.
Porque depois do Amanhã que não me tem apetecido é já, o que hoje prometi acontecer.

Chamem-lhe fuga. Alegria a mais. Ilusão. O que quiserem...
Só isto nos diz que respiramos, nem que seja um outro ar que para vocês nem existe.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011


De uma grande amiga, como luz no escuro

“Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to… love what you do. (…) Your time is limited. Don’t waste it living someone else’s life”. - Steve Jobs

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A frase que mais se dirá entre amigos no decorrer dos tempos:
"Uma vez, vi um filme..."

domingo, 2 de outubro de 2011


No Inesperado o Sucedido.
Na Casualidade o Dia.
No Momento o Encontro.
No Estranho o Bom.
Na Inevitabilidade Tu.

Envolvida na aspiração da aventura são inúmeras as vezes que as oportunidades, os factos e as Pessoas passam despercebidas, (poder-se-ia dizer), mas não. Tudo passa perceptivelmente  passageiro nessas ocasiões. Tudo passa presencialmente. Tudo passa como o que passa e nada deixa, parte e nunca regressa. Mas há umas tantas, que ainda que escondidas pelo claro da adrenalina, ficam.

Foi engraçado o início. Num país diferente, conversa em português. Numa estrada citadina uma ciclada  em que íamos a dois ou a três. Na carreira uma dica telefónica. Ao fim do dia uma lembrança. Na madrugada até fotografias da gansa. 

Até aqui, normal. Todo o começo é involuntário, já se sabe. E de facto, não seria a primeira  vez , em que por detrás da promessa estaria o isolamento da peça.
Mas tudo sucede e prossegue, quando o tempo, a vontade, o inesperado e os espíritos caminham lado a lado. E assim foi. Numa direcção difusa, por não definida, havia a admissão de dois sentidos. Sentidos inversos, que ainda assim, asseguravam no Longe a irreversibilidade do (re)encontro.

No abstracto tudo isto. No concreto muito mais. As viagens. A partilha na conversa e no silêncio. As aventuras. Os testes. Os compromissos. As promessas. Os sonhos. As telepatias. As necessidades. Os apelos. As ciganices. As brincadeiras. As utopias e as realidades visíveis. O que é, porque é, porque assim se quis. Os “fffs” e os “ses” da indecisão. O conhecimento. O transversal da vivência, na balança, que equilibrada, diferentemente se posiciona. As lágrimas, reais ou não, que existem. Os bichos. A Mata. Os leão. O “Fumar mata”. Os drinks. A arma. A coincidência de não existirem coincidências. Os filmes e os livros. Os planos.

O tempo.

O Tempo que de tão pouco tempo foi feito e tanto Tempo trouxe, um Tempo que não existia há muito, ao longo dos tempos.  

Trouxeste o Tempo. O Tempo que me faltava e que parecia não fazer falta…
Realmente só somos lúcidos, só atingimos verdades, verosímeis, imprescindíveis quando temos, não Tendo o que na Caverna não existe.

O texto em cima escrito é a confusão que (in)confusa em mim existe. A massa que não teve o azar de ser arroz. Qualquer coisa entre o que penso ou acredito ou ambos. És Tu, torta, diferente, por linhas direitas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Conseguir

É leve a sensação de alegria.

A explosão que de nós emerge, pelos poros da pele cansada é uma imensa onda nuclear, capaz de tingir os corpos dos que perto de nós vivem.
"Nós explodimos, porque nós conseguimos!".
É o que sentimos. Sentem apenas, aqueles que sabem que viveram, alegraram, provaram, experimentaram e sofreram, ao longo destes três ou poucos mais anos de vida.
Foi uma maratona. Lutámos na resistência e aguentámos, cedemos e deixámos o fácil, a favor do "amor à camisola".
Tentados demasiadas vezes a ceder ao pessimismo, os esforços tantas vezes roçaram o derrotismo, tendemos igualmente a esquecer as verdadeiras capacidades que, tão ilimitadamente, nos foram concedidas.
Mas ainda assim, fomos à luta, fizemos diferente, ultrapassámos o que julgávamos não ser possível.
Naquele dia, conforme as escrituras que da nossa mão provieram...
Foi hora de soltar o grito que tínhamos dentro.
Foi hora de provarmos a nós mesmos que, afinal, até somos capazes.
Foi hora de conseguir.
Foi hora de Glória.

Foi hora de falar e ficar rouca, porque uma nova corda se instalou, preparada para mais um sucesso que apenas no Longe se avista.

sábado, 25 de junho de 2011


Project AP. Maristas
Aprendemos a não ter mais do que aquilo que nos prometem.
Somos ensinados a não desejar mais do que aquilo que podemos.
Escolhem-nos destinos que lhes parecem certos.

Dão-nos luz para nos guiarmos entre a manada.
Um mapa para a encruzilhada.
E um deus, para quando der jeito.

Outros tantos, vão-nos dando água para calar a sede da amargura.
De vez em quando uma flor, para o velório da aventura, que devia ter existido e nunca existiu.
Uma quantas vezes uns sapatos novos, porque a vida dura dói, mas não magoa.
E há quem ainda tenha espaço para trazer o chapelinho amarelo. Fofinho e quentinho, no verão, faz lembrar o ventre da mamã, que de parecença com Mãe só mesmo a capacidade de chocar filhos.

Pode ser assim?
Pode. É muitas vezes assim. Demasiadas vezes até.

Começa a estar na hora de
Aprendermos o que não é permitido ser ensinado
de
Desejarmos aquilo que nunca ninguém desejou
de
Escolhermos o nosso próprio destino.
de
Nos guiarmos pelo luar.
de
Largarmos a bússola e partir para a descoberta
de
Concebermos um deus, que exista no que de divino Ele nos deixou
de
Passarmos sede de amarguras
de
Proclamarmos a ressurreição da nossa nossa aventura, que não tendo existido, Tem de existir
de
Andarmos mais vezes de chinelos
de
Largarmos o chapéu amarelo e andarmos de cabelo ao vento.



sábado, 18 de junho de 2011

"Ensaio para um exame de patifes"

Movidos por momentos "nerds" obrigatórios, todos temos sido nestes últimos tempos ratos de biblioteca... Uns mais que outros, já se sabe, mas todos ("e coitadinhos de nós!") vamos sofrendo um pouco com esta literatura que nos é impingida, cuspida... como se de baldes de cuspo vivesse a alma.
Por ter surgido de uma forma distinta, (isto é, espontânea)  daquela que surge essa literatura cuspida, partilho convosco um texto, cujo título ousa ser "Ensaio para um exame de patifes" (O querido Saramago que me perdoe o plágio "inocente"...e os "patifes" que me perdoem a denominação pouco estóica)

   
   A palavra “viagem” corre, só por si, o Mundo inteiro. Nos diferentes idiomas o ser Humano expressa a sua vontade de partir para se encontrar a si e aos “outros”. Movidos por um impulso de fuga, por um chamamento divino ou mesmo porque a curiosidade é, e será sempre, o verdadeiro motor da nossa existência, partimos na busca da aventura, do conhecimento ou do sossego.
   Também eu, amante das viagens, vejo sempre e em cada uma, a demanda do espírito que,me permitirá adquirir um novo tesouro, cujo conteúdo me é oferecido pelos novos povos com que contacto, pela cultura ou pelos elementos naturais distintos, dos que encontro no lugar a que chamo “casa”. O ganhar de uma nova visão sobre as distinções existentes entre as diversas culturas é dos aspectos que mais me atrai. Por exemplo, quando assistimos a uma celebração eucarística de uma diferente religião, num país também ele diferente, o conhecimento do outro e de uma outra divindade pode revelar-se uma experiência inesquecível. A gastronomia é, sem dúvida, outro factor interessante a considerar. Os portugueses afirmam-se um pouco por todo o Mundo neste domínio, no entanto, será nobre relembrar que a nossa riqueza, a nossa expressividade nesta arte está intimamente relacionada com as viagens realizadas num passado glorioso. Viajar para conhecer outras culturas gastronómicas é por isso, não só uma retoma de velhas práticas como também uma forma de alargarmos, ainda mais se possível, o nosso conhecimento.
   Em suma, a viagem, para além de oferecer ao homem a possibilidade de se libertar de um “monótono dia a dia” ou de uma “ânsia de querer viver tudo”, permite um profundo contacto com outro. O outro que existe em cada nova experiência que vivemos e que nos deixa uma marca duradoura na memória e, quiçá, na vida.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

África

Correr para ficar só
e extasiada, naquela bruma
que encandeia, que alegra,
que gera vontade.

Sentir os sons,
os cheiros, as cores
o quente da aragem,
do infinito que existe,
na profunda renovação do "eu".

Isto é África meus amigos,
não a África que existe
na tristeza dos jornais,
ou nas lágrimas dos esfomeados.

Esta é a África bela,
O lugar único.
O lugar onde Deus ousou espelhar
o que de mais belo
existe na imaginação dos Homens.

Sentir-me,
É sentir-me lá,
numa África que podendo não existir no espaço
podendo não existir no tempo
da minha infância ou da minha velhice
Existe.
Porque outrora a sonhei.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ir

Ir:
O movimento que consegue não nos mover.

Pensamos que vamos,
Queremos ir
Fazemos de tudo para o conseguir...
E não vamos.

Sentimos tudo para ir,
fazemos as malas e as despedidas...
Mas ficam só as palavras.
Não vamos.

Quando vamos,
Ah...
quando vamos,
tão poucas vezes...
Não existe
Nenhum movimento real,
Nenhuma mudança,
Nenhum novo Mundo.
É ir.

Ir,
pensando que algo vai mudar...
e nada muda.
Por isso, no fim,
o que sentimos
é como se nunca tivéssemos chegado a ir.
Pior,
é sentir que fomos, voltámos
e nada trouxemos.

Está na hora,
está na hora de deixarmos de ser
estas coisas Humanas.
Vamos.
Vamos.
Vamos.
Porque eu quero ir.
E não preciso de fugir,
Não preciso de ir para longe,
Só preciso de sentir...
A metamorfose que se sente,
quando se vai.

Vamos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Livre

Uma coisa é a realidade.
Outra é isto:
O que somos aqui.

Por muito que o contexto me agrade...
É o que chamam de real,
de que realmente gosto.

Conseguir-se libertar
desta unidade paralela...
É ser livre,
por um instante.

Um livro

Procura-se naquela Savana de mistérios,
O livro Esquecido,
que durante tanto tempo
foi para nós
Vivo
E Vida.

Corro.
Não correndo como uma preza corre.
Com o medo de vir a perder,
O que inconscientemente,
não chama vida,
mas vive.

É correr... procurando.
Como uma mãe corre,
sempre, sem mostras de cansaço,
pelos seus filhos.

Essas inscrições,
esse livro,
que não sendo o feto do meu ventre
É na verdade um fruto,
Do que mais nosso existe.

É o meu e o teu filho.
É o nosso fruto,
tão apetec(ido)
e tão proibido.

Quando um dia,
nos lembramos de procurar
as memórias,
todas estas memórias.
Não é por acaso.
É porque temos saudades.
E as minhas,
não são do livro,
que deixámos na Savana.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

(V)ealidade

Parada.
Como a chuva quando nos chega ao canto da boca,
E não encontra mais
Espaço de fruição.

Do que me apercebo,
pouco conta.
Tudo o resto que me passa:
Verdades, verdades, verdades.

Era só assim que queria:
O recalcado para um eu,
que não preciso de conhecer.
O Dependente para um eu,
que sonho não existir.
E por fim,
As verdades, verdades, verdades,
Para uma realidade que julgam existir,
Mas que,
Nunca o seria (real) caso esse dom não lhe concedêssemos .

Mas...
Pára.
Sim, tu também.
Não são essas
Verdades, verdades, verdades
que me incomodam.
É o valor que lhes dás.

Não será tudo mais verdade,
Embora menos real,
Tudo aquilo que julgamos parte de um sonho,
ou parte de uma estrutura inexistente?

E aqui paramos.
Tu e eu.
Absortos:
Pressupõe a verdade realidade?
...
Todo o inverso será chuva.
Chuva ácida, que escorre, sempre, pelos cantos da boca.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Há muito

Avizinhando-se um fim violento,
já só o coração palpita,
pelas hipóteses que escolhi e não escolhi.

No fim de fazer as minhas, e as contas do Diabo,
no fim de perder horas a fio
nas insónias,
nos sonhos tristes,
nos infortúnios maiores que as glórias;
Só tenho uma certeza:o grito final será meu!

Poderás gritar também...
Mas não te quero ouvir.
Há muito que já só me vejo a mim,
naquele prado verde,
já seco de tantos Invernos terem por lá passado.

Há muito que só me vejo a mim,
Em todo e em qualquer lugar...

E nesta minha confissão,
Que apesar de minha, só para mim traz surpresa,
Não te desculpo, nem peço desculpas,
Porque tu, e só tu...
Já sabias quem eu era...
Muito antes de eu ou o Amor existirmos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O constraste n'Os Lusíadas

Os Lusíadas, uma obra de contrastes.

   Em tudo Luís Vaz de Camões foi um irreverente. Pela vida que escolheu, ou não escolheu, pelas questões, pelas respostas, pelos desacatos, pelo sentido humanista fervoroso e até pela epopeia que criou, que apesar das regras rígidas a que é restrita, teve a possibilidade de encontrar a profunda ruptura com o que habitualmente chamamos clássico.
   Na grandiosa obra Camoniana, ao contrário de todos os outros que pelo Velho continente ousaram apenas representar e glorificar os feitos de um herói individual ou colectivo, encontramos um novo sentido para a escrita do século XVI. Assumindo um espírito pedagógico Camões, associou à magnífica história das Descobertas e à fantasia dos Deuses pagãos a crítica ao povo que lhe era contemporâneo e ao próprio povo da Era Áurea. Assim, mais ou menos nas entrelinhas de uma obra densa, mas como uma valorosidade digna de um génio, o Poeta não chega só ao coração, mas também à consciência dos que ousam navegar num oceano que é tão ou mais profundo que o próprio Índico.
   Não é só pela ruptura, não é só pela novidade que foram Os Lusíadas, que consideramos esta obra, uma obra de contrastes. É por todas as almas que inquietadas ficaram com as maravilhas e as desgraças que os próprios portugueses edificaram. Nesta epopeia, sempre por desvendar, temos acesso ao bom e ao mau, ao claro e ao escuro, à coragem que se culmina na chegada, ao medo que se revela com o Gigante Adamastor, à debilidade e angústia do Velho do Restelo, à ambição dos Reis que fizeram cumprir as jornadas, à fé que se queria difundir numa missão de cruzada, ao ouro que se queria adquirir nas novas rotas comerciais traçadas... Tudo isto mais as críticas à própria falta de sentido crítico, à ausência de inquietação perante a arte, a poesia, o conhecimento e a música. Os apelos ao Rei que tinha de ter a coragem para enfrentar os inimigos e honrar os amigos, os apelos... tantos apelos contrastantes, que ganhando vida numa História passada, deram a Camões o lugar de narrador nesta estória bastante mais intemporal.

Tudo isto (e tudo o que está para além do que se vê), se encontra num enorme fascículo de dez cantos. Estes que, apesar de complexos formal e informalmente, têm a capacidade de deleitar qualquer um que se lance na descoberta da literatura camoniana. Na leitura, somos sugados pela emoção de uma passado que é de todos nós, um passado que vive no sangue velho dos nossos avós, um passado que é simultaneamente uma frida, que continuamente aberta, nos relembra todos os dias que o Tempo e a Glória que construímos um dia a partir da Barra, não mais nos pertencem.  Nisso também Camões pensou, cansando-se da gente surda e endurecida, apelou às novas conquistas, à libertação da vã cobiça, da tirania e da vil tristeza, de tal forma que, possamos verdadeiramente ascender um dia ...ao estatuto de heróis honrados.

terça-feira, 22 de março de 2011

Chegou

O que há em mim é um profundo sentido de renovação.
Renasci de uma morte que já não me pertence e onde fui viva.
Voltei de uma luz, que foi muito mais vezes brilhante, cintilante do que frágil.
Voltei de um sonho que vivi, ou pelo menos pensei que vivi, porque é isso que verdadeiramente importa. Voltei desse sonho para uma realidade que na verdade, sempre chamou por mim. E por isso, por uma qualquer réstia de real ter sempre andado por lá, eu vivo o de hoje feliz pelo que passou e não na amargura dos que tentam esquecer o que de melhor lhes aconteceu.
O que há em mim é renovação.
Assim, depois de tantas ameaças... Não a ti, mas a mim mesma, parto com o coração aliviado de um viajante.
Chegou a verdadeira hora de largar o que foi nosso...E que agora, já não o é.

domingo, 13 de março de 2011

Uns pós de nada de uma Mensagem

 A Mensagem é: A procura do íntimo da razão que ilumina a vida, que vale a pena ser vivida.

O ilustre Sr. Fernando Pessoa (será redutor chamar-lhe poeta, uma vez que, este grande génio da literatura portuguesa e mundial edificou um espólio que vai muito para além da mera poesia, estendendo-se à prosa, à filosofia e a outras tantas abordagens possíveis do que nos rodeia e compõe), deixou em vida uma única obra escrita em português Mensagem. Mensagem, que significa " A Mente move a matéria" é uma obra exímia, épico-lírica, que abordando os factos relativos à expansão marítima portuguesa, bem como tudo o que por detrás deles se esconde, é de fácil leitura, mas difícil compreensão.
   Pessoa deixou à Língua Portuguesa, à sua verdadeira pátria, um enigma por desvendar, uma mensagem oculta e misteriosa que será apenas decifrável por aqueles que se lançando no percurso iniciático da razão e do sonho, pretendam seguir o caminho imortalizado da virtude e da gnose. Luzidamente, o multifacetado "artista", recita-nos um passado materialmente realizável e realizado, apresenta-nos um conjunto de figuras fundamentais a essa apoteose profana, dá ao leitor uma verdadeira, mas hermética descrição dos valores, promessas e desejos que se escondem nos rostos rígidos e invictos dos Reis e Guerreiros portugueses. Tudo isso e todos eles, foram asa, espada e cabeça de um brasão materialmente mitigado e lisonjeado.  Apesar dos referidos esforços, de toda a vontade, todo o sofrimento e Mostrengos vencidos, o império português, construído através do cumprimento marítimo, se desfez. A letargia e decadência impostas desde então, vêm em estado latente pelas Eras, gritando intemporalmente o poeta: Senhor, falta cumprir-se Portugal!  É neste grito de ipiranga  introspectivo, que Pessoa abre mão do conceito bíblico Quinto Império. Anunciando a vinda de um herói encoberto, que erguendo a espada da bravura lusitana, fará cumprir se um novo mar infinito que é português. Apunhalando a Distância inatingível, lançando-se na linha fria do Horizonte e elevando-se através do mito que é um nada que é tudo, este D. Sebastião que noutro nome mais alto se irá fazer reconhecer é o verdadeiro herói desta história que é Nossa. Mais do que uma simples epopeia onde os bons derrotam os maus e um final claro se desenha desde o princípio, esta obra, envolta em símbolos dos quatro cantos telúricos, fala-nos de um futuro possivelmente promissor, mas sempre em aberto, o que gera nos heróis dos Tempos e da actualidade uma vontade de chegar a uma nova Índia, que não existe no espaço, mas que será desbravada pelas naus que são construídas daquilo que os sonhos são feitos.
Deus quer, Deus quis que este Fatum se cumpri-se. E desde então, esse destino vive corrente, como sangue que circula nas veias dos nossos avós e dos nossos filhos, esperando-se o dia em que os lusos Adão e Eva no íntimo sofrimento patriótico dêem a este Tempo os filhos que ele merece.
Vós sois a luz do Mundo (Apóstolo Mateus)
É hora.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Outras tantas coisas que somos

Somos miolo de um mesmo pão que ganha bolor em mãos alheias.
O que escrevo sem sentido, só para ti tem caminho.
O que escreves na loucura, faz-se raíz da minha alma,
Penetra fundo como quando morro de sede...
Neste mar demasiado salgado.

Se existirem dois seres profundamente cúmplices,
Seremos nós.
Se existirem dois seres que sofram da mesma forma,
Seremos nós.
Se existirem dois seres que silenciem pelas mesmas causas,
pelos mesmos efeitos
e em simultâneo,
Seremos nós.

Que saudade esta,
que trago e tenho.
Queria estar como o nosso sangue:
Unido, em vasos distindos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cor de Rosa

O céu estava cor de rosa hoje ao entardecer.
E foi bom.
Estavas frio, mas aqueci-me.
Foi bom.

O céu era todo para mim,
só para mim.

E tu não duvidavas.
Porque tu, assim quiseste.
Obrigada.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Leve

O Ar fizera-se mais leve...
Era tempo de deixar tudo o que nos prendia.
Os horrores, pelos tempos negros,
As vigaríces, pelas horas de culpa,
Os medos, pelo que não contemplam,
E por fim, todas essas "coisas" terrenas que não valem a pena.

É tão fácil deixar o que nos custa...
Ah ah,
Tão fácil, tão fácil.

De sorriso, sorriso grande...
Empunhado, é claro.

Não importam, essas coisas que nada valem,
passam como o ar puro que agora respiro:
Amanhã, hoje talvez ao fim do dia, já tudo tenha passado.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Morte

Ainda é cedo para morrermos os dois...
E tu já te queres suicidar nessa loucura,

E eu já não vejo graça, em nada do que a vida augura.
Talvez seja tempo,
Afinal:
De partirmos os dois,
Para o lugar onde a vida e morte não encontra.
É hora.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Enough


Frágil meu e teu
Por não ter sido a sós
Por ter Sido (Ser)
Por nos ter Tido (Ter).

Quem me dera
Saber beber dessa gota de amar.
Um copo partido em casa
Morrer de sede no próprio mar.

É frágil nosso
Mau para o corpo
Mau para a alma
Bom para o Morto
Bom até para a calma

Companhia ainda a há
Esperança ainda tenho e,
Contenho.

Será algum dia possível este Adeus do Amor?

Será (já foi)?
Irá (já cá não está)?
 
É frágil por se querer partir, mas ainda não ter partido.

sábado, 29 de janeiro de 2011

No fim

Nunca nos tornamos verdadeiramente selvagens:
Porque os Outros nos impedem.

Vão-nos amparando aqui e ali.
Falam-nos de consolo e de apoio.
Vão estando lá,
para o sussurro e bajulação.

Vamos rindo e chorando
Com tantos ao nosso lado.

Temos medo, medos comuns muitas vezes.

Chegamos a cumes com Eles,
Vencemos em equipa.
Resistimos a derrotas num grito comum.
Protestamos em conjunto.

Somos vistos como um todo,
e avaliados nem na metade.
Somos símbolo de união,
numa individualidade oposta.

Quando amamos,
Amamo-nos uns aos outros.

Somos o Nós em todas essas circunstâncias...

Mas esquecemo-nos que, afinal
Nascemos sós,
Morrendo da mesma forma.

No fim de tudo isto,
Somos nós connosco.

Se é difícil imaginar a paz
Na alegria da solidão?
É.

Mas acredita,

És só tu contigo
E eu comigo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um dia

Um dia vamos estar demasiado velhos para andar a pé e subir montanhas, já não apreciaremos o ar puro do campo e os animais que nele habitam. Vamos passar a vida a dizer "No meu tempo é que era" ou "Já não se fazem coisas como antigamente", vamos resmungar mais e preocupar-nos demasiado connosco. Um dia vamos deixar de ter paciência para acordar de madrugada para ver o nascer do sol, vamos deixar de nos empolgar horas antes de irmos sair à noite, vamos deixar de sentir o arrepio na barriga a cada vez que vemos a pessoa que amamos. Um dia vamos deixar de nos rir das piadas secas dos amigos, vamos achar que somos demasiado adultos e, recusaremos qualquer partida de Party&Company. Um dia vamos começar a vestir saias compridas e a dizer "Vai-se andando", porque o frio nos vai gelar os ossos e nunca mais iremos permitir que o calor das pernas de adolescente extermine o gelo glaciar. Um dia vamos deixar de surpreender quem mais gostamos, porque sofremos por essas ou outras pessoas, vamos achar que dar flores está fora de moda e que, um postal com simples frases é coisa de miúdos. Um dia vamos todos entrar na faculdade e deixar de ter tempo para a família e para os velhos amigos, vamos andar sempre de trombas, vamos achar que as dificuldades só nos tocam  nós e que por isso há que ter direito de exilo. Um dia vamos deixar de achar graça ao Natal, porque vamos achar que já não temos a verdadeira idade para essas fantasias. Não vamos ver graça nos presentes e vamos passar a consoada a contar as notas que o avô nos deu. Um dia vamos deixar de gostar de coisas novas, porque tudo já está inventado e tudo já está dito. Já não vamos ter prazer em ir a um restaurante novo, porque afinal ,trata-se apenas de ter uma coisa diferente no prato. Vamos deixar de querer viajar, porque isso mata a carteira de muita gente e porque cada vez mais os terroristas fazem cair aviões. Um dia vamos deixar de escrever, por acharmos que já não temos a quem escrever, que já não temos capacidades para o fazer. Um dia vamos deixar de nos encontrar, porque os telemóveis e os chats abreviam o tempo da viagem para ir ter com o outro. Um dia vamos deixar de sorrir por chegar à estação de comboio de Cascais ou de Lisboa, vamos deixar de nos rir a cada vez que tropeçamos e caímos, vamos ser demasiado sérios no cumprimento de regras, mas caso apareça uma possibilidade de fuga ao fisco, não vamos hesitar. Um dia vamos deixar de ir ao teatro, porque nos vai custar vestir roupa chique ou então porque o teatro vai ser cada vez mais caro. Um dia vamos deixar de chorar de emoção, porque já nada nos vai ser capaz de comover, vamos deixar de andar às cavalitas ou de levar alguém ou colo porque "Estou muito gordo" ou "Não tenho forças". Um dia vamos deixar de nos sentir bem a tirar fotografias, porque isso implica ter sempre a mão fora do bolso e estar atento. Um dia vamos passar mais tempo sozinhos, vamos deixar de acreditar nas pessoas, vamos achar que a culpa é do Mundo e vamo-nos esquecer do mal que fizemos. Um dia vamos achar que house é coisa de gente esquisita, Kuduro é para malta de baixo nível e o que está a dar é somente o monótono sussurrar das moscas. Um dia vamos achar que temos de tomar muito café para nos mantermos acordados, vamos achar que ser fino é não falar  com estranhos e vencer na vida é sinónimo de ter muito dinheiro. Um dia vamos ter profundas e dolorosas saudades de quem verdadeiramente gostámos e gostou de nós, vamos chorar por não termos dito o que pensámos ou sentimos, vamos sentir frio por não termos abraçado aquele amigo que sempre esteve lá. Um dia vamos casar com a pessoa que não gostamos, porque não fomos humildes ou porque pura e simplesmente não nos apeteceu sair de uma zona de conforto. Um dia seremos muito mais tristes, azedos, cinzentos e snobs... 
Nesse dia, o mais provável é deixarmos de partilhar todas estas coisas...
Por isso aqui fica uma sugestão...
Quando esse dia chegar... vira-lhe as costas.

Pequena adaptação do anúncio Sumol

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Umas quantas passas

As sombras não têm tempo, são uma roda intermitente sem necessidade de contagem.

As realidades ou irrealidades verdadeiramente importantes, não são mensuráveis.

As ausências não se trocam, coincidem.

O que damos não contamos, o que recebemos não esquecemos.

As palavras nunca chegam nem nunca servem.
Qualquer coisa que se diga, já foi dito. Não existem palavras por dizer...

Os perfumes cheiram-se, as ruas sentem-se.
E quando isto se troca... Por fim...está feito.

Nós

O que mais gosto em nós...
Não são as ideologias de esquerda ou de direita,
Não são as beatices ou as descrenças,
Não é a inteligência,
Não é a imaginação,
Não são os sentimentos ou a falta deles,
Não é o cepticismo nem as influências,
Não é o gosto nem a preguiça,
Não são as falhas nem os triunfos,
Não é o que criamos nem o que paramos de criar,
Não é a mentalidade meticulosamente matemática,
Nem a crença pura no poder das letras.
Não é a capacidade de julgar nem a de silenciar,
Não é o desleixo nem a obcessão...
Não é...e é tudo.

O que mais gosto em nós...é capacidade de aceitarmos... todas estas coisas...
Em cada um de nós.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Álvaro no seu sentido mais leve

  De acordo com a carta escrita por Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, Álvaro de Campos terá nascido em Tavira a 15 de Outubro de 1890. Nesta mesma cidade algarvia terá frequentado um liceu comum e aprendido, por via de um tio que era Padre, o Latim. Mais tarde ter-se-á mudado para Glasgow onde inicialmente frequentou o curso de engenharia Mecânica. Não tendo terminado esta licenciatura, optou pela engenharia Naval. Ainda na Escócia desenvolveu actividades ligadas à sua profissão, tendo posteriormente se mudado para Lisboa, onde passou à inactividade.
  Na sua biografia é de destacar um acontecimento importante na marcação do período de passagem de uma fase de decadência para uma fase de histeria e alvoroço, a viagem ao Oriente (momento em que foi escrito o "Opiário).
  No que diz respeito às características físicas, vemos grande similaridades com o próprio Fernando Pessoa. Campos era magro, alto, com uma tendência para se curvar, usava monóculo. De cabelo liso e moreno, ainda que com alguns cabelos brancos, aparentava ser um judeu português.
  Ao nível das características informais, será necessário fazer uma divisão das fases distintamente personalizadas que o poeta atravessara.
   Numa primeira instância, temos a fase decadentista, esta caracterizou-se por uma cansaço e sentido enfastiante da vida; numa necessidade de corromper o estado amorfo em que se encontrava, o poeta partiu na descoberta de novas sensações, viajando para o Oriente.
   Tendo regressado à Europa, foi conduzido a um novo estado anímico. Integrando as correntes modernistas aí exultadas, Campos celebrou nesta fase futurista/sensacionista o triunfo da novidade, a energia, a força, a rapidez, as dinâmicas imparáveis que deixavam o século 20 cada vez mais "louco".
   Por último, pela incapacidade de realização, pela constatação do mistério indesvendável das sensações, Álvaro cai num diferente estado abúlico e desesperançado. Apartando-se de tudo e de todos, não encontra em parte alguma o sentido da existência, o motivo da sobrevivência.

  Será desprezível a leveza na abordagem de cada uma das fases mencionadas, às quais o próprio poeta se sujeitou,ou não. Talvez Pessoa, se tenha sentido verdadeiramente sozinho e, por essa razão, terá criado um ser incomodamente parecido consigo, que incluiu na sua roda imparável de emoções e para sempre recordada dos tempos outrora heróicos. Caminhando lado a lado com a melancolia, com o desejo do inatingível e com a profunda agustia de não realizar o irrealizável, estas duas almas singularizam-se num uníssono de vazio, de cansaço, de desgosto não desgostado pela vida.
   Sempre tentaram, sempre tentaram se esconder numa qualquer coisa matrializável... na máquina, no álcool, no ópio, nos outros, na infância, no sono ou no simples verso. A verdade é que sempre tentaram esconder uma qualquer coisa, que na poesia intelectualizada que escrevem se desvenda irremediavelmente... a tristeza de um dia terem nascido no Mundo e para o Mundo.

   Tentemos por isso, mais uma vez, na porcaria da mentalidade de português, compreender uma qualquer coisa nos génios, que os próprios nunca compreenderam em si.
   Que me poupem a alma... Deus nosso! Eles nasceram no Mundo e para o Mundo, mas nunca fizeram parte dele... Como poderemos nós, simples mortais, que nada mais conhecem para além da janela da vizinha, apartar-nos dessa realidade idealmente criada e vivermos, por um só segundo a genialidade deste deus fecundo?...Dessa Pessoa, que até o sobrenome teve...? 

Frente e Verso

Já pelo sair da porta da frente...
Num sussurro,
Alguma coisa,
Alguém, talvez,
Chamou por mim.

Tinha de voltar para averiguar.

-"Esqueceram-se-me as queijadas".

Um toque fatal. Uma falha crucial.
Afinal, ainda existem coisas que nos fazem parar e voltar.

Mal ou bem, que esse regresso me fez...
Aconteceu.
Para a frente e para trás, também a evolução se faz.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Fim

Acordei e pensei:
Hoje terminou uma etapa.
Hoje começou uma nova etapa em mim.

Não veio de fora para dentro.
Veio de mim para mim, fugindo de certo para fora.

É hora...
É tempo de partir...

Tudo o que foi meu, levo no coração e no baú das memórias.

domingo, 9 de janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dividir II


Depois, no grupos dos que sonham...

Temos os que nunca chegam a ir,

Os que vão mas arrependem-se,

Os que pensam que vão,

Os que vão e nada deixam,

Os que não vão nem deixam ir,

Os que vão por obrigação...

E talvez existam...
Os que vão e são muitas vezes felizes por um dia terem ido.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Artista

Artista.
Normais ou anormais,
Não importa.
Mais bem parecidos,
Desparafusados.
Quiçá comuns como todos os mortais...
Quiçá imortais, por construírem a tempo,
Mundos que próprio Mundo ainda não viu.

Os riscos, as cores, os relevos...
Naqueles dias foram assim
Por acaso,
Caso o acaso
Se lhes tenha tomado conta.
Naqueles dias foram assim
Sem acaso,
Porque algo os atormentou,
Porque naquele dia simplesmente,
Havia a necessidade de atribuir um novo rumo ao que mudou.

Grandes obras nascem duma guerra interior,
Por mil tentativas, uma fica perto.
Grandes obras nascem da ataraxia,
da impassibilidade estagnada em si mesma.
Assim é como na vida.
Os grandes feitos poderão vir da persistência...
Mas há sempre na história, uma descoberta na coincidência.

Os Artistas,
envolvem.
Petrificam.
Vão-nos às entranhas,
por se assemelharem a qualquer coisa que nos pertence,
ou pensamos que pertence.

Os Artistas,
às vezes não nos dizem nada.
Como o céu não diz nada aos peixes,
Ou como as letras,
Que nada significam para um analfabeto.

Os Artistas,
Os verdadeiros artistas...
Conheço poucos.

Os que conheço,
dão-me voltas.
Por isso gosto.
Gosto Muito.

Mais que tudo,
Mais que a atitude
Mais que a leveza de espírito,
Mais que os sentimentos que aspiram...
Mais que tudo isso.
O verdadeiro significado destas frases:

"A descoberta do cientista é o comum do artista. A idealização do artista é o falhanço do cientista"

Nós descobrimos uma qualquer coisa que já existe.
Vocês...
Vocês são Deuses, criam o inexistente