A Mensagem é: A procura do íntimo da razão que ilumina a vida, que vale a pena ser vivida.
O ilustre Sr. Fernando Pessoa (será redutor chamar-lhe poeta, uma vez que, este grande génio da literatura portuguesa e mundial edificou um espólio que vai muito para além da mera poesia, estendendo-se à prosa, à filosofia e a outras tantas abordagens possíveis do que nos rodeia e compõe), deixou em vida uma única obra escrita em português Mensagem. Mensagem, que significa " A Mente move a matéria" é uma obra exímia, épico-lírica, que abordando os factos relativos à expansão marítima portuguesa, bem como tudo o que por detrás deles se esconde, é de fácil leitura, mas difícil compreensão.
Pessoa deixou à Língua Portuguesa, à sua verdadeira pátria, um enigma por desvendar, uma mensagem oculta e misteriosa que será apenas decifrável por aqueles que se lançando no percurso iniciático da razão e do sonho, pretendam seguir o caminho imortalizado da virtude e da gnose. Luzidamente, o multifacetado "artista", recita-nos um passado materialmente realizável e realizado, apresenta-nos um conjunto de figuras fundamentais a essa apoteose profana, dá ao leitor uma verdadeira, mas hermética descrição dos valores, promessas e desejos que se escondem nos rostos rígidos e invictos dos Reis e Guerreiros portugueses. Tudo isso e todos eles, foram asa, espada e cabeça de um brasão materialmente mitigado e lisonjeado. Apesar dos referidos esforços, de toda a vontade, todo o sofrimento e Mostrengos vencidos, o império português, construído através do cumprimento marítimo, se desfez. A letargia e decadência impostas desde então, vêm em estado latente pelas Eras, gritando intemporalmente o poeta: Senhor, falta cumprir-se Portugal! É neste grito de ipiranga introspectivo, que Pessoa abre mão do conceito bíblico Quinto Império. Anunciando a vinda de um herói encoberto, que erguendo a espada da bravura lusitana, fará cumprir se um novo mar infinito que é português. Apunhalando a Distância inatingível, lançando-se na linha fria do Horizonte e elevando-se através do mito que é um nada que é tudo, este D. Sebastião que noutro nome mais alto se irá fazer reconhecer é o verdadeiro herói desta história que é Nossa. Mais do que uma simples epopeia onde os bons derrotam os maus e um final claro se desenha desde o princípio, esta obra, envolta em símbolos dos quatro cantos telúricos, fala-nos de um futuro possivelmente promissor, mas sempre em aberto, o que gera nos heróis dos Tempos e da actualidade uma vontade de chegar a uma nova Índia, que não existe no espaço, mas que será desbravada pelas naus que são construídas daquilo que os sonhos são feitos.
Deus quer, Deus quis que este Fatum se cumpri-se. E desde então, esse destino vive corrente, como sangue que circula nas veias dos nossos avós e dos nossos filhos, esperando-se o dia em que os lusos Adão e Eva no íntimo sofrimento patriótico dêem a este Tempo os filhos que ele merece.
Vós sois a luz do Mundo (Apóstolo Mateus)
É hora.
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