Os Lusíadas, uma obra de contrastes.
Em tudo Luís Vaz de Camões foi um irreverente. Pela vida que escolheu, ou não escolheu, pelas questões, pelas respostas, pelos desacatos, pelo sentido humanista fervoroso e até pela epopeia que criou, que apesar das regras rígidas a que é restrita, teve a possibilidade de encontrar a profunda ruptura com o que habitualmente chamamos clássico.
Na grandiosa obra Camoniana, ao contrário de todos os outros que pelo Velho continente ousaram apenas representar e glorificar os feitos de um herói individual ou colectivo, encontramos um novo sentido para a escrita do século XVI. Assumindo um espírito pedagógico Camões, associou à magnífica história das Descobertas e à fantasia dos Deuses pagãos a crítica ao povo que lhe era contemporâneo e ao próprio povo da Era Áurea. Assim, mais ou menos nas entrelinhas de uma obra densa, mas como uma valorosidade digna de um génio, o Poeta não chega só ao coração, mas também à consciência dos que ousam navegar num oceano que é tão ou mais profundo que o próprio Índico.
Não é só pela ruptura, não é só pela novidade que foram Os Lusíadas, que consideramos esta obra, uma obra de contrastes. É por todas as almas que inquietadas ficaram com as maravilhas e as desgraças que os próprios portugueses edificaram. Nesta epopeia, sempre por desvendar, temos acesso ao bom e ao mau, ao claro e ao escuro, à coragem que se culmina na chegada, ao medo que se revela com o Gigante Adamastor, à debilidade e angústia do Velho do Restelo, à ambição dos Reis que fizeram cumprir as jornadas, à fé que se queria difundir numa missão de cruzada, ao ouro que se queria adquirir nas novas rotas comerciais traçadas... Tudo isto mais as críticas à própria falta de sentido crítico, à ausência de inquietação perante a arte, a poesia, o conhecimento e a música. Os apelos ao Rei que tinha de ter a coragem para enfrentar os inimigos e honrar os amigos, os apelos... tantos apelos contrastantes, que ganhando vida numa História passada, deram a Camões o lugar de narrador nesta estória bastante mais intemporal.
Tudo isto (e tudo o que está para além do que se vê), se encontra num enorme fascículo de dez cantos. Estes que, apesar de complexos formal e informalmente, têm a capacidade de deleitar qualquer um que se lance na descoberta da literatura camoniana. Na leitura, somos sugados pela emoção de uma passado que é de todos nós, um passado que vive no sangue velho dos nossos avós, um passado que é simultaneamente uma frida, que continuamente aberta, nos relembra todos os dias que o Tempo e a Glória que construímos um dia a partir da Barra, não mais nos pertencem. Nisso também Camões pensou, cansando-se da gente surda e endurecida, apelou às novas conquistas, à libertação da vã cobiça, da tirania e da vil tristeza, de tal forma que, possamos verdadeiramente ascender um dia ...ao estatuto de heróis honrados.
Em tudo Luís Vaz de Camões foi um irreverente. Pela vida que escolheu, ou não escolheu, pelas questões, pelas respostas, pelos desacatos, pelo sentido humanista fervoroso e até pela epopeia que criou, que apesar das regras rígidas a que é restrita, teve a possibilidade de encontrar a profunda ruptura com o que habitualmente chamamos clássico.
Na grandiosa obra Camoniana, ao contrário de todos os outros que pelo Velho continente ousaram apenas representar e glorificar os feitos de um herói individual ou colectivo, encontramos um novo sentido para a escrita do século XVI. Assumindo um espírito pedagógico Camões, associou à magnífica história das Descobertas e à fantasia dos Deuses pagãos a crítica ao povo que lhe era contemporâneo e ao próprio povo da Era Áurea. Assim, mais ou menos nas entrelinhas de uma obra densa, mas como uma valorosidade digna de um génio, o Poeta não chega só ao coração, mas também à consciência dos que ousam navegar num oceano que é tão ou mais profundo que o próprio Índico.
Não é só pela ruptura, não é só pela novidade que foram Os Lusíadas, que consideramos esta obra, uma obra de contrastes. É por todas as almas que inquietadas ficaram com as maravilhas e as desgraças que os próprios portugueses edificaram. Nesta epopeia, sempre por desvendar, temos acesso ao bom e ao mau, ao claro e ao escuro, à coragem que se culmina na chegada, ao medo que se revela com o Gigante Adamastor, à debilidade e angústia do Velho do Restelo, à ambição dos Reis que fizeram cumprir as jornadas, à fé que se queria difundir numa missão de cruzada, ao ouro que se queria adquirir nas novas rotas comerciais traçadas... Tudo isto mais as críticas à própria falta de sentido crítico, à ausência de inquietação perante a arte, a poesia, o conhecimento e a música. Os apelos ao Rei que tinha de ter a coragem para enfrentar os inimigos e honrar os amigos, os apelos... tantos apelos contrastantes, que ganhando vida numa História passada, deram a Camões o lugar de narrador nesta estória bastante mais intemporal.
Tudo isto (e tudo o que está para além do que se vê), se encontra num enorme fascículo de dez cantos. Estes que, apesar de complexos formal e informalmente, têm a capacidade de deleitar qualquer um que se lance na descoberta da literatura camoniana. Na leitura, somos sugados pela emoção de uma passado que é de todos nós, um passado que vive no sangue velho dos nossos avós, um passado que é simultaneamente uma frida, que continuamente aberta, nos relembra todos os dias que o Tempo e a Glória que construímos um dia a partir da Barra, não mais nos pertencem. Nisso também Camões pensou, cansando-se da gente surda e endurecida, apelou às novas conquistas, à libertação da vã cobiça, da tirania e da vil tristeza, de tal forma que, possamos verdadeiramente ascender um dia ...ao estatuto de heróis honrados.
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