Frase do Dia

  • "Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Não é o medo de te perder,
Nem a tristeza de ficar só.
É a possibilidade de desgosto,
Por descrença na essência Humana.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Abrir os olhos



Abrir os olhos ao acordar.
Um movimento simples,
Único,
Involuntário.

Somos chamados à vida nesse instante,
Por uma qualquer essência,
Uma qualquer força,
Que nos quer deixar a novidade no olhar.

Não sou nada,
Nesse instante antes de abrir os olhos.
Mas tão somente uma alma adormecida
Incapaz de prever o que me querem dar a conhecer.

Hoje, quando abertos,
És Tu.
És Tu quem se deita ao meu lado,
Diante dos meus olhos ainda trémulos.

A essência trouxe-te.

E depois de tanto tempo,
Sem acreditar no Amor,
Eu entendi que agora tenho,
O sentido e a vontade de sorrir...

De olhos abertos.

sábado, 30 de novembro de 2013

Um excerto do Livro (sem título)

Deu um bafo profundo no cigarro e olhando a noite soltou a pergunta que seria a primeira do fim da sua vida:
   - Se te disser que nunca fui apaixonado pela vida, acreditas?
   - Não. – Respondeu ela muito séria e de olhar fixo nos olhos dele.
   - Porque não?
   - Que disparate, tu és dos tipos mais apaixonado pela vida que eu conheci até hoje... Adoras perder-te com ela, os teus olhos brilham quando ela te surpreende, o que é que é esta divagação agora?
Olhando-a com uma face dura disse:
   -Nunca poderei ser apaixonado por algo em que não acredito. Eu não acredito na vida, na sua essência. Eu não acredito que isto a que chamamos existência tenha um propósito ou uma finalidade. O Ser Humano limita-se a inventar, a perder-se, a procurar o que nunca vai encontrar – Parou por instantes e soltando o sorriso de quem conhece o poder da sua argumentação continuou – Olha a história de Deus e do Diabo, do Céu e do Inferno... tudo isso são invenções, são criações de um Ser que não suporta a ideia da solidão e a ideia da ausência de destino. Criamos, porque não suportamos a dor de não ter algo verdadeiro a que nos agarrar.
   -Ai é? – disse incrédula e com pouca paciência- E o amor? O amor também é uma invenção da ausência de tudo?
   -Médio, o amor é o chamado filho pródigo de uma família monoparental. É quase um erro de percurso percebes?
Fez que não com a cabeça e ele continuou:
   -O amor é o resultado de uma qualquer busca interior que advém da tristeza da vida não nos ser suficiente. De quando a quando, abrimos as janelas do que chamamos coração e ficamos muito tempo à espera na confusão dos temporais e dos dias solarengos. Um dia passa alguém, passa o chamado pretexto e zumbas – fazendo um gesto de quem apanha uma mosca no ar - apanhamo-lo!
Assumindo novamente a sua posição na cadeira continuou:
   -E depois é fácil, a mente fica responsável por tudo o resto. A pouco e pouco, embora o Outro com quem estamos assuma o papel de ama do nosso amor, vamos criando dedicadamente o nosso filho, nascido da corrente de ar da janela, num modelo rígido, obcecado e ao mesmo tempo desejoso de sofrer.
   -Hum... mas espera, então estás a dizer que o pretexto para o amor pode ser qualquer coisa da vida? A mesma que não existe?




sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Cruzar



No fim de uma tarde de trabalho,
Com o Sol de Lisboa e o cheiro a castanhas de Outono
Vejo-te do outro lado de uma rua que é minha todos os dias.

A vida é assim.
Encarrega-se de se fazerem cruzar por nós,
Aqueles com quem nos devemos voltar a cruzar.

O valor que damos a esse reencontro,
O que fazemos com o que vemos e sentimos,
Já está por nossa conta.

E a cada vez que ignoramos o reencontro,
A cada vez que desejamos que ele aconteça noutro lugar,
Noutro momento,
A vida tira-nos, a pouco e pouco,
As chances de nos voltarmos a cruzar.

Pouco a pouco,
Dia a dia,
Até que a memória se canse
Ou a saudade se mate. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

terça-feira, 15 de outubro de 2013


Saudades,

Saudades de ter tempo.
Saudades da minha solidão,
Da minha partilha,
Da minha devoção.

Saudades do meu canto,
Naquela cidade chamada Barcelona.

Fui feliz.

E não esqueço,
A calma,
A alegria,
A pausa que tive de mim
E desta vida vivida desde há 20 anos.

Saudades,
Profundas saudades.


Aqui


Em dias como este, vejo-me a não pertencer mais aqui.
A distância, o longe, a viagem, ensinam-nos que não somos de lugar nenhum,
Mas tão somente escravos das pessoas ou da nossa própria solidão.

A beleza, o ar que respiramos, o tecto de estrelas que nos abriga nas noites frias
São arquétipos de um qualquer deslumbramento que advém da forçosa necessidade de querermos ser felizes.

Não há nada nos lugares.
Não há nada no que vemos,
Para além do que temos,
Do que somos,
Do que esperamos.

Por isso, tenho as minhas dúvidas 
Quando digo que me vejo a não pertencer mais aqui.

Terei deixado eu de ter,
de Te ter?
Terei deixado eu de ser?
Terá a esperança acabado?




quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Lugar-comum


É um lugar-comum dizer-se que a realidade se intromete no amor, interrompendo-o, quebrando momentos de felicidade que desejaríamos prolongar até ao infinito. É um lugar-comum, mas não deixa de ser verdade.

Domingos Amaral

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sei que não podes acreditar


Se te dissessem que o meu coração é tão puro quanto aquilo que te digo, saberia que não irias acreditar.
O que os teus olhos veem é aquilo que não querem ver, é o que te dizem, é o que tu sentes.
E eu não te posso julgar, nem te posso provar aquilo que não vês, aquilo que não sentes, aquilo que não ouves.

A única esperança que me resta, que é tão forte quanto a crença no nosso futuro, é de que no fundo de ti haja um palpite, um “what if”, uma luz que te permita acreditar nas palavras e nos olhares que te deixo.


Nunca os meus olhos serão tão sinceros como quando proferida a palavra amo-te diante dos teus.

sábado, 14 de setembro de 2013

Hummm

Espectacular! Simplesmente de Miguel Esteves Cardoso

http://o-povo.blogspot.pt/2013/09/o-hmmm-da-questao.html

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O amor que cresce nas árvores

“Hoje, preciso de ti. Depois de nós, nesse tempo, houve uma verdade que ficou parada nos meus olhos: alguém de quem gostamos muito, o amor, ficará nas árvores, continuará a crescer, como uma criança, dentro dos troncos e dos ramos mais finos das árvores.” 
José Luís Peixoto

O Lago


De mãos dadas e costas voltadas chegámos por fim ao Lago da nossa Loucura.
O Lago que avistávamos, de tão negro e redundante, absorvia-nos toda a energia nas primeiras expirações.
Ficámos tristes, vazios, eternos na nossa pequenez.
O teu olhar tão assustado como o meu coração, perdia-se na escuridão daquele sítio. A escuridão que era a nossa. A escuridão que só nós criámos, porque nunca aceitámos ser felizes.

Gostava de me lembrar dos tempos em que tu e eu queríamos o mar, o mar da nossa felicidade, da nossa ousadia, da nossa promessa.

Tenho saudades dos tempos em que não éramos consumíveis pelo tempo ou pelos Lagos ou por nós próprios.

Dá-me a mão do regresso.
Há volta a dar?
Ou já saltaste para o Lago onde vamos morrer?


Tu levaste-te


Se me perguntarem se morri quando te perdi, não lhes saberei responder.
Saberei apenas que a ausência que em mim surgiu, de tão real, tornou-se enraizada, latente, sedenta.
Com a força dessa tua demanda para o Longe, relembro-me que há muito que não sei sentir nada senão a tua perda.
E desespero nesses dias intermináveis em que relembro, porque me seco da sede de te não beber.

No Longe estás tu.
E lá tiveste, tens e terás a ousadia, a dureza ou o desprezo de levar tudo contigo.

Tu levaste o teu sorriso, a tua pele encostada à minha.
Tu levaste o teu discurso sem sentido, o teu entusiasmo.
Tu levaste tudo contigo.

Deixaste-te a ti e ao teu mundo numa mala fechada que espera por "só mais uma volta" que desta não tem regresso.

E eu queria...
Eu queria que tu te levasses e não te levasses.
Queria pegar na tua mala e voar para outro longe, deixando-te comigo ou com a Felicidade das ilhas desertas.

E eu...
Que nos momentos de perda (que nem na escrita me consigo livrar) vivo a esperança, na esperança os dias e as noites alucinantes, nas alucinações a infeliz descoberta do querer dar mais do que aquilo que posso.

E então eu queria, quero e não posso.

Eu queria-te fazer renascer, falar-te dos tempos que sonho existir.
Eu queria falar-te de mim, mostrar-te o meu coração podre, os meus braços fracos.
Eu queria abraçar-te pela última vez como na primeira: com o arrepio, com o beijo algemado, com todas as promessas que só os nossos corpos e almas unidos podem prometer.

Eu queria-te, quero-te e não te posso.
Porque tu te levaste, porque eu quis e não quis, porque me perdi ao querer-te encontrar.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Nunca foi fácil

Nunca foi fácil chegar a ti.

Mas tu sabes...
Tu sabes que esse teu mistério
Esse teu segredo
Essa tua luz, que trazes guardada numa mão fechada
Esse teu olhar inconfundível
Arrastam-me contigo.

Não construas mais muralhas
Não te guardes mais
Não fujas de mim.

Muitas vezes,
Quando te vejo a trabalhar nesse muro de pedra,
Sinto uma profunda solidão
Um profundo silêncio.
E há uma certeza,
Que pode durar momentos,
Mas que existe.

Há a certeza de que no momento em que os muros cessarem entre nós
Te vais esquecer de mim.
Como eu nunca me esquecerei de ti.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013