Deixa-me ir para dentro de ti.
Deixa-me sentir o calor, o bater do teu coração
Deixa-me respirar com dificuldade as tuas entranhas,
Deixa-me ficar de olhos semicerrados a ver o tempo acontecer.
Deixa-me ir para dentro de ti.
Deixa-me ir, para que possa esquecer a Terra
Para que possa brincar o dia inteiro numa bola
Deixa-me ir, para não saber o que são os dias e as horas.
Mãe deixa-me ir para dentro de ti.
É urgente sentir a nostalgia,
Essa nostalgia que é estar dentro de ti.
Deixa-me aí ficar, sem medos, sem preocupações.
Mãe, deixa-me ser fraca por um dia e sentir tudo isto.
Depois, Mãe, deixa-me sair.
Para que o meu nascimento seja como um trauma nuclear,
Um acontecimento.
Um caso único.
Sim Mãe, por que às vezes também sou fraca e preciso que vejas em mim o Acontecer.
Que esse renascer de mim,
Saída desse casulo materno
Me faça maior.
Me torne capaz de ser menos eu sendo mais nós.
Porque sair de mim é conhecer-nos a nós
Entrar em nós, é conhecer-me a mim.
Mas Mãe, primeiro, quero ir para dentro de ti.
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