Frase do Dia

  • "Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mais que poder, sentir

Hoje
Foi por inteiro.

Do não poder
Passou-se ao mais que querer
E ao mais que sentir.

E Senti-me com sorte
Melhor, senti-me sortuda.

Diferente de qualquer dia,
Senti que a velha frase daquela música
"Ninguém ninguém poderá mudar o Mundo"
Deixou de fazer sentido, por um segundo.
Eu podia.
Incrivelmente, ainda posso.

Portanto,

Senti.

E meus amigos, vocês sabem como isso às vezes é tão difícil.

Não poder

Como se o tecto me pesasse
O cérebro a embrenhar-se, esmagando-se torcido,
Os músculos agonizando de terror.

E com isso...

Hoje não posso mais.

Não posso. 

Estou cansada, mas sinto que nada fiz.

Inútil.
Triste por estar assim

Mas  não posso.
Nem que peças por favor .

Pior,
Não quero que peças para não poder
Não quero que perguntes porque não posso,
Quero guardar para mim.
Mas, nem isso posso.

Não posso.

domingo, 26 de setembro de 2010

Por um segundo não fomos felizes

Naquele dia,
Àquela hora.
Era só...
Era só ter um segundo que fazia diferente,
Vivia diferente,
Abraçava diferente.

Era só ter um segundo que tudo se virava do avesso,
Tudo se fazia melhor,
Tudo se vivia mais intenso.

Era só um segundo na minha vida, e na tua.
Fazíamos da individualidade o conjunto,
Dos fracassos, as vitórias,
Da saudade a presença,
Do pensamento, o acontecimento.

Era só um segundo, só um.
Que nunca me concedeste.

Sabes que não choro pelo que foi, nem pelo que vem...
Mas esse segundo, era o nosso.
E nunca mais se farão desses relógios..

Sou eu que quero

Como um rodopio no coração.
Uma ausência que me cansou.
És ainda,
Esse espinho forte, duro e duradouro.
Que me matou.


Podia te querer arrancar de mim
Podia até continuar nesta ausência presente
Mas é indiferente,
A diferença que fazes em mim.

Como se vazia estivesse outra vez,
Pouco me importando com o verdadeiro significado disso.
Pouco querendo saber
Que afinal estou assim, porque assim escolhi.

Percebe...
Tu nem existes.
Eu é que gosto de me sentir assim.

sábado, 25 de setembro de 2010

a escolha

Descemos do realidade visível,
para vivermos o teatro do julgado bom...

Com a proximidade do fim,
os gestos serão quase sós e reduzidos a nada,

E no fim, já nem nos vamos querer lembrar,
porque fomos justos,
esperámos...e nada mudou, e por isso soubemos escolher.

E escolhemos não querer...não querer nada.

Macacos de imitação

Desce-se pelo Chiado

E lá estão eles.

Todos feitos símios

A pular sobre a calçada.



Ora se ouvem uns guinchos,

Ora se ouvem grunhidos mal entendidos

Tudo parecendo de animal.



Um pouco mais a baixo,

No eléctrico vinte e oito

Vão mais uns quantos, pendurados.

Macaqueando.



Na rua com o cavalo

Estão as tábuas de pedras rolantes

Com hominídeos miniatura.

Que já nem o Freestyle é autónomo.



Algodões emborrachados, pendurados

Naquelas orelhas mocas

Zumzumzam as mesmas coisas.

Não é uma mesma língua qualquer.

São as mesmas pedras a achincalhar

Os mesmos ritmos a predominar.



É imitação completa.



Se passar uma galinha, um desses animais recentes.

Ou um daqueles unicórnios cornudos,

Em plena Lisboa.

Lá vão eles “encocórados”

Fingindo desses animais se tratarem.



Com algum estilo se diga,

Com um certo charme.

Uma extrema capacidade.

O instinto de imitar está-nos tão por dentro

Como é certa a morte matar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quero ir para dentro de ti

Deixa-me ir para dentro de ti.
Deixa-me sentir o calor, o bater do teu coração
Deixa-me respirar com dificuldade as tuas entranhas,
Deixa-me ficar de olhos semicerrados a ver o tempo acontecer.

Deixa-me ir para dentro de ti.
Deixa-me ir, para que possa esquecer a Terra
Para que possa brincar o dia inteiro numa bola
Deixa-me ir, para não saber o que são os dias e as horas.

Mãe deixa-me ir para dentro de ti.
É urgente sentir a nostalgia,
Essa nostalgia que é estar dentro de ti.

Deixa-me aí ficar, sem medos, sem preocupações.
Mãe, deixa-me ser fraca por um dia e sentir tudo isto.

Depois, Mãe, deixa-me sair.
Para que o meu nascimento seja como um trauma nuclear,
Um acontecimento.
Um caso único.
Sim Mãe, por que às vezes também sou fraca e preciso que vejas em mim o Acontecer.

Que esse renascer de mim,
Saída desse casulo materno
Me faça maior.
Me torne capaz de ser menos eu sendo mais nós.
Porque sair de mim é conhecer-nos a nós
Entrar em nós, é conhecer-me a mim.

Mas Mãe, primeiro, quero ir para dentro de ti.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Num instante de 3 anos


A história foi se escrevendo em pedaços de virtualismo.
De uma folha de papel, para uma post riquíssimo.
Primeiro de dia a dia, de vento em poupa. Depois longo, prolongado, mais maduro (assim parecia). De mês a mês, até se darem saltos por entre os anos.

Primeiro longo, com muito para dizer. Chegando ao reduzido, severo, porco.
Saltos sem chão, gritos sem dor... Era escrever na mente e apagar no coração.
Era infeliz de ter frio no Verão e calores no Inverno.
Era infeliz pela imaginação enjaulada, perseguida, arrebatada

Mas por fim... por ainda ser um princípio prometedor.

Ressuscita a alma, pelos tempos calados, dos tempos quiçá não vividos, desalmados, apodrecidos.
Renasci de mim num sopro fugaz, para ti... talvez.
Para ti, talvez... por não saber quem és.

Escrevendo, escrevendo estou, crescendo vou. Por aqui.

domingo, 19 de setembro de 2010

Hoje

Hoje apetece-me escrever muito
A pouco e pouco,
E um pouco de cada vez.

Hoje apetece-me ter tudo
De uma vez,
Por uma vez.

Hoje apetece-me silêncio
Na profundidade,
Com fingimento.

Hoje apetece-me arte
Na objectividade,
Com subjectivismo.

Hoje apetece-me amor
Num instante,
Para sempre.

Hoje apetece-me hoje
Agarrado a mim,
Já passou.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Convenções


O povo diz que homem que é homem escarra no chão;
O padre diz que Santos são os que não usam preservativo;
O Rei diz que para ser um grande governador há que ter um filho homem;
A mãe diz que uma menina como deve ser não bebe;
O Juiz diz que é feio urinar na via pública;
O pai diz que quem se junta são as galinhas;
A etiqueta diz que o garfo fica do lado esquerdo e a faca do lado direito;
A cadeira diz que primeiro os idosos, depois as grávidas, as crianças e os homens;
O professor diz que só vence na vida quem estuda;
O filósofo diz que pensa logo existe;
A música diz que primeiro o dó, depois o ré, mi, fá, sol, lá e o si;
A parteira diz que primeiro o casamento depois os filhos;
O vizinho diz que primeiro vive-se sozinho depois acompanhado;
O escuteiro diz que primeiro estranha-se depois entranha-se;

ora se...

O verdadeiro Homem, não cospe na rua;
Os preservativos são essenciais aos países subdesenvolvidos, não havendo lá falta de Santos;
As mulheres são consideradas na generalidade melhores quando em cargos de poder;
O deck está cheio de meninas bêbedas;
1 em cada 3 pessoas que sai à noite pára na rua para aliviar as tensões excretoras;
2 em cada 5 casais estão juntos e não casados;
Grande parte da população mundial come apenas com um garfo ou mesmo com as mãos;
Vêm-se mais jovens a fingir que dormem do que jovens a dar lugar às pobres avós;
A maior parte dos licenciados estão no desemprego e o primeiro ministro (que é de certo bem pago) nem uma licenciatura tem;
O Dr. António Damásio pôs em causa a declaração de Descartes "penso logo existo";
As notas têm uma ordem, mas a desordem é que faz a melodia;
Os casamentos ainda se fazem, mas os filhos ficam por 1,5;
Existem namoros de 3 meses que rapidamente passam a convívios diários;
Todos os escuteiros que se conhecem, gostaram e nem chegaram a entranhar.

...

Que se lixem as convenções.
Quem inventou a convenção de que o mundo tinha de se guiar por elas?!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pulo


Pulo de chão em chão, gritando às tarefas e aos afazeres.
Um toque na porta do vizinho, um aperto de mão a um desconhecido, um olá a uma velha confidência, o adeus à desistência.
Pulando pulando num chão, que endurece por tanto pulo.
Aqui ali chamam por mim... corro desalmadamente em busca daquilo e daquele outro. Sempre pulando sempre pulando.
Um telefonema para fazer, o rosto a reviver. Cartas para escrever. Actividades para desenvolver. Só coisas para fazer.
Pulando vou, pulando estou. Sempre pulando.
Por ser pulando que a minha gente se entende.
Será hora do desentender?E deixar a calma uma vez sem nada fazer?
Pulando, pulando.
Mesmo na noite escura eu pulo, sozinha ou acompanhada nos sonhos.
Mas pulando vou respirando.
Pulando vou vivendo.
Feliz quando pulando.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vazio de Cheio


Estar vazia, de um vazio por dentro e por fora. De eu para tu, do Mundo para mim.
Vazio de vazio, de nada nem ninguém. Vazio de seco, oco, estéril.
Mas um vazio... E isso já por si é algo menos vazio do que o próprio.
Será a escolha certa este vazio de não saber sabendo? Ou o vazio do não saber fingir que sabe?

Questionaram-se muitos à cerca deste vazio imenso que assolou e assola a alma e o corpo.
E eu?Questiono para ele, por ele ou sem ele?
A verdade é que estou sem ele.... a escrita flui como se vazia estivesse saindo ainda assim cheia de mim mesma.
Não estou vazia.