Nesses campos corríamos,
De almas desfraldadas de amargura,
Corríamos, como se não houvesse fim.
Por todo o lado
Aquela erva fresca,
Enchia os nossos pulmões,
De um ar inesgotável.
A mente esquecia a fome,
Porque éramos saciados na eternidade.
Corríamos,
Como nos sonhos,
Sem cansaço,
Sem ter a necessidade de pensar em algo.
Corríamos
E só isso nos interessava
Não sabendo sequer o que era o Interesse.
Quando ao fundo víamos a nossa ribeira,
Os nossos corações aceleravam.
As pernas numa agonia pacífica
Davam de si.
Num instante éramos
Adão e Eva,
Nus de si para si,
Correndo pelo Éden.
Estávamos tão apaixonados,
Não sabendo como, nem porquê
(Não que isso interessasse, porque nem isso sabíamos o que era).
Mas depois,
Depois veio o Desassossego...
E nunca mais lá voltámos.
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