Vamos escrever sobre o que nos apetecer, da forma que sentirmos, sem nunca pensarmos porque é que o continuamos a fazer...
Frase do Dia
- "Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"
sábado, 30 de outubro de 2010
Às vezes
Às vezes é tão fundo,
que custa regressar.
Às vezes somos felizes,
lá no sossego desse canto.
Às vezes dá-nos para rir,
De vez em quando,
Talvez uma lágrima brote.
Às vezes,
Quase nunca nos perdemos.
Às vezes,
Quase sempre nos encontramos.
Às vezes tudo isso.
Mas às vezes sim,
Às vezes parece mesmo que sentimos,
Parece mesmo que vivemos,
Por um segundo, o que pensamos.
Às vezes somos outro qualquer,
mas nesse sítio de "Às vezes"
Somos só nós e a imaginação,
Tentando ser o que não somos
Fugindo do que fomos;
Fingindo lá vamos sendo.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Blogue
Novo blogue a não perder!!
Em construção.
Vai encontrar o lugar onde dois miúdos ambiciosos, de origens geográficas distintas, com uma necessidade ameaçadora de criticar tudo em volta escrevem escrevem e não se calam...só para tentar, no meio de tanta palavra alheia deixar um rasto, por muito pequeno que seja, nesta sociedade...
http://mediotutissimusibis.blogspot.com/
Esteja atento
Em construção.
Vai encontrar o lugar onde dois miúdos ambiciosos, de origens geográficas distintas, com uma necessidade ameaçadora de criticar tudo em volta escrevem escrevem e não se calam...só para tentar, no meio de tanta palavra alheia deixar um rasto, por muito pequeno que seja, nesta sociedade...
http://mediotutissimusibis.blogspot.com/
Esteja atento
domingo, 17 de outubro de 2010
Surdamente Silencioso
Encostando o ouvido na porta,
Oiço-me dormir.
Tão profundamente, respirando.
Habitualmente
Pelo sono tardio.
Caminhando pelos corredores infinitos,
Desta casa, vazia,
Tão cheia de si.
Correndo o risco de fazer o chão ranger,
Faço por me notar,
O que é inútil.
Neste lugar, até as paredes calam.
Tudo está surdamente silencioso.
As figuras dos pergaminhos,
Aproveitam para fazer os rituais.
Os olhos dos quadros reviram de cansaço
As cartas que escrevi,vão apagando as suas letras,
Uma a uma.
Por esta noite dentro,
Tudo se revolta num silêncio profundo.
Continuamos a dormir.
A roupa que não arrumámos,
Espraia-se mais pelo chão.
As televisões chovem,
Um papel cai em cima da tinta do dia anterior.
As madeiras chiam, dando por pretexto
O frio do Outono que já chega.
Tudo está surdamente silencioso.
Silêncio.
Mas nessa mudez,
Viro-me na cama.
Abrindo os olhos sem notar,
Vejo as horas:
3:07 da manhã.
Apago as minhas luzes.
Nada do que está importa ou importou,
Só o amanhã nos faz falta.
O relógio da sala,
Decide bater,
Por já ser hora de um novo dia.
O hoje já é amanhã.
Agora, pelo rebuliço,
Acordo com um trabalho manchado,
Uma roupa escolhida.
Mas não importa.
O que me não pertencia.
Agora já é meu.
Era só o amanhã que eu queria.
Oiço-me dormir.
Tão profundamente, respirando.
Habitualmente
Pelo sono tardio.
Caminhando pelos corredores infinitos,
Desta casa, vazia,
Tão cheia de si.
Correndo o risco de fazer o chão ranger,
Faço por me notar,
O que é inútil.
Neste lugar, até as paredes calam.
Tudo está surdamente silencioso.
As figuras dos pergaminhos,
Aproveitam para fazer os rituais.
Os olhos dos quadros reviram de cansaço
As cartas que escrevi,vão apagando as suas letras,
Uma a uma.
Por esta noite dentro,
Tudo se revolta num silêncio profundo.
Continuamos a dormir.
A roupa que não arrumámos,
Espraia-se mais pelo chão.
As televisões chovem,
Um papel cai em cima da tinta do dia anterior.
As madeiras chiam, dando por pretexto
O frio do Outono que já chega.
Tudo está surdamente silencioso.
Silêncio.
Mas nessa mudez,
Viro-me na cama.
Abrindo os olhos sem notar,
Vejo as horas:
3:07 da manhã.
Apago as minhas luzes.
Nada do que está importa ou importou,
Só o amanhã nos faz falta.
O relógio da sala,
Decide bater,
Por já ser hora de um novo dia.
O hoje já é amanhã.
Agora, pelo rebuliço,
Acordo com um trabalho manchado,
Uma roupa escolhida.
Mas não importa.
O que me não pertencia.
Agora já é meu.
Era só o amanhã que eu queria.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Apelo
Que os rios da fluidez da mente te guiem.
Não torpeces em pegadas desdenhadas de ausência presente.
Não olhes a meios para atingir estados.
Procura sede eterna e não a felicidade.
Vê e não olhes.
Vive e não contenhas.
Pára e pensa:o Mal e o Bem estão na alma, não estão nos materiais nem por aí, como se diz.
Não torpeces em pegadas desdenhadas de ausência presente.
Não olhes a meios para atingir estados.
Procura sede eterna e não a felicidade.
Vê e não olhes.
Vive e não contenhas.
Pára e pensa:o Mal e o Bem estão na alma, não estão nos materiais nem por aí, como se diz.
Partilhar
-"Estou cheia de pressa"
-"Não não, agora não dá"
-"Manda por mail que depois dou uma vista de olhos"
-"Ok, ok... Depois mando mensagem a avisar"
-"Só posso mesmo até as 18:30"
-"Podes-te despachar se faz favor"
-"Lá está ele a falar de coisas que não interessam para nada"
-"Segunda tenho ténis, terça equitação, quarta tenho de dar banho aos meus irmãos, quinta tenho de estudar para o teste de sexta... por isso talvez nos vejamos lá para o fim de semana"
-"Que tal um cafezinho de 5 minutos?"
Tão, tão profundamente encafuados no nosso mundo e nos nossos afazeres... que de repente, a vida deixou de "se passar", passando apenas.
Hoje apetece-me partilhar; partilhar aquilo que a partilha às vezes não me dá. Façamos uma pausa e partilhemos o que de melhor se vislumbra na partilha: O dar do nosso tempo.
-"Não não, agora não dá"
-"Manda por mail que depois dou uma vista de olhos"
-"Ok, ok... Depois mando mensagem a avisar"
-"Só posso mesmo até as 18:30"
-"Podes-te despachar se faz favor"
-"Lá está ele a falar de coisas que não interessam para nada"
-"Segunda tenho ténis, terça equitação, quarta tenho de dar banho aos meus irmãos, quinta tenho de estudar para o teste de sexta... por isso talvez nos vejamos lá para o fim de semana"
-"Que tal um cafezinho de 5 minutos?"
Tão, tão profundamente encafuados no nosso mundo e nos nossos afazeres... que de repente, a vida deixou de "se passar", passando apenas.
Hoje apetece-me partilhar; partilhar aquilo que a partilha às vezes não me dá. Façamos uma pausa e partilhemos o que de melhor se vislumbra na partilha: O dar do nosso tempo.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Um pouco sobre Pessoa e a sua "dor de pensar"
Não há felicidade senão com conhecimento. Mas o conhecimento da felicidade é infeliz; porque conhecer-se feliz é conhecer-se passando pela felicidade, e tendo, logo já, que deixá-la atrás
Livro do Desassossego de Bernardo Soares
Fernando Pessoa foi o Poeta do século XX, influente e influenciado pelo movimento modernista, vemos na sua escrita vanguardista marcas profundas desta corrente artística, nomeadamente a necessidade de intelectualização constante de tudo o que o rodeia.
Enquanto pensador, podemos destacar três principais temáticas, sendo a "dor de pensar" aquela que, de certa forma, coordena e se impõe perante as outras duas. Este tema é abordado não só em poemas como "canta pobre ceifeira" e "gato que brincas na rua" como também é alvo da escrita do seu lúcido e sóbrio heterónimo Bernardo Soares (facto que é visível no parágrafo transcrito em cima, do livro do Desassossego).
Esta "dor de pensar" do poeta advém da incapacidade de conciliar a consciência e a inconsciência numa dinâmica produtiva, que na prática se explicita na impossibilidade de ser feliz e ao mesmo tempo aquilo que se revela, profundamente lúcido. Segundo Pessoa, esta relação paradoxal surge no seguinte raciocínio: para se ser feliz é necessário ter-se conhecimento disso, no entanto "o conhecimento da felicidade é infeliz" e por isso a felicidade implica ser-se infeliz.
É pela percepção desta inevitável conclusão, que Pessoa se sente irreversivelmente perdido, com necessidade obrigatória de fragmentação e dispersão (de onde surge a heteronímia). Não achando conciliação possível entre a profunda ambição de ser feliz e tudo o que a consciência implica, o poeta torna-se o eterno insatisfeito.
É através desta conjectura complexa, que os leitores se apercebem da genialidade deste Homem, tendo sido por isso considerado o maior crítico introspectivo da história da literatura.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Memórias
De brisas passadas,
Veio pelo silêncio da noite
Um primeiro sorriso conformado.
É verdade, amei-vos com força,
Com força de âncora,
Numa maré que nunca irão conhecer.
Senti-vos por breves instantes,
E no milésimo de segundo, sem a minha solidão,
Desejei voltar,
Voltar ao que fomos um dia.
Mas, o tempo é isto mesmo.
É feito de minutos sozinhos e horas acompanhadas.
Rápido percebi...
O meu lugar já não é aí.
Eu já pertenço aqui.
Fui construindo um Mundo,
E o que construí,
Já está bem longe daí.
Mas,
Agradeço.
Pude crescer.
Encerro este capítulo,
Que fechava a cadeado nas memórias.
Enfim... O coração abriu-se.
E já só me ficam os vossos sorrisos,
Que tanta piada, um dia achei.
Data:27/12/09
Veio pelo silêncio da noite
Um primeiro sorriso conformado.
É verdade, amei-vos com força,
Com força de âncora,
Numa maré que nunca irão conhecer.
Senti-vos por breves instantes,
E no milésimo de segundo, sem a minha solidão,
Desejei voltar,
Voltar ao que fomos um dia.
Mas, o tempo é isto mesmo.
É feito de minutos sozinhos e horas acompanhadas.
Rápido percebi...
O meu lugar já não é aí.
Eu já pertenço aqui.
Fui construindo um Mundo,
E o que construí,
Já está bem longe daí.
Mas,
Agradeço.
Pude crescer.
Encerro este capítulo,
Que fechava a cadeado nas memórias.
Enfim... O coração abriu-se.
E já só me ficam os vossos sorrisos,
Que tanta piada, um dia achei.
Data:27/12/09
Saudades
Têm-se saudades.
Mas porque se tem?
Por se ter de tê-las ou nunca as poder ter?
Saudades é aquilo que se tem quando não se tem.
Saudades é quando queremos morrer e algo nos mantém vivos.
Saudades é de mim, é de ti, é dos abraços e é do Mundo.
Saudades não é do tempo nem do espaço, é de mim por ti.
Saudade é querer tocar e já não lembrar o que isso é.
Saudade é não chorar, não rir, é parar.
Ficar bloqueado, sem Amor, sem ideias.
Só com saudades.
As saudades não estão nas coisas nem nos outros,
Estão em nós.
É aquilo de que te queres livrar
E não consegues,
Porque as saudades têm sempre eternas saudades tuas.
Data:12/08/09
Mas porque se tem?
Por se ter de tê-las ou nunca as poder ter?
Saudades é aquilo que se tem quando não se tem.
Saudades é quando queremos morrer e algo nos mantém vivos.
Saudades é de mim, é de ti, é dos abraços e é do Mundo.
Saudades não é do tempo nem do espaço, é de mim por ti.
Saudade é querer tocar e já não lembrar o que isso é.
Saudade é não chorar, não rir, é parar.
Ficar bloqueado, sem Amor, sem ideias.
Só com saudades.
As saudades não estão nas coisas nem nos outros,
Estão em nós.
É aquilo de que te queres livrar
E não consegues,
Porque as saudades têm sempre eternas saudades tuas.
Data:12/08/09
Pensar
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Cego no espaço
Hoje ouvi a história de um cego que conseguia ouvir o espaço.
Pressentia a presença, a ausência.
Sentia a falta delas.
Por vezes implorava por elas.
Ouvi a história de um cego,
Mas quem me dera que muitos dos que vêem pudessem por um segundo ouvir o espaço ou quiçá a falta dele.
A mim...
Às vezes falta-me o espaço,
Outras vezes ando à procura dele.
Pressentia a presença, a ausência.
Sentia a falta delas.
Por vezes implorava por elas.
Ouvi a história de um cego,
Mas quem me dera que muitos dos que vêem pudessem por um segundo ouvir o espaço ou quiçá a falta dele.
A mim...
Às vezes falta-me o espaço,
Outras vezes ando à procura dele.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Fernando Pessoa
Será então Fernando Pessoa o grande poeta, que irá preencher o espaço da frase do dia neste mês de Outubro!
Tenho de admitir que os leitores deste quase inóspito blog têm um gosto requintado e muita apurado.... Pessoa foi e é ainda sem dúvida o maior poeta desta nossa pátria que é a língua portuguesa.
Que Pessoa ortónimo e heterónimos possam preencher um espaço na nossa vida, encher-nos de um sentimento e de uma sede de viver, que o próprio poderá nunca ter experimentado...
Um muito obrigada
sábado, 2 de outubro de 2010
Corríamos
Nesses campos corríamos,
De almas desfraldadas de amargura,
Corríamos, como se não houvesse fim.
Por todo o lado
Aquela erva fresca,
Enchia os nossos pulmões,
De um ar inesgotável.
A mente esquecia a fome,
Porque éramos saciados na eternidade.
Corríamos,
Como nos sonhos,
Sem cansaço,
Sem ter a necessidade de pensar em algo.
Corríamos
E só isso nos interessava
Não sabendo sequer o que era o Interesse.
Quando ao fundo víamos a nossa ribeira,
Os nossos corações aceleravam.
As pernas numa agonia pacífica
Davam de si.
Num instante éramos
Adão e Eva,
Nus de si para si,
Correndo pelo Éden.
Estávamos tão apaixonados,
Não sabendo como, nem porquê
(Não que isso interessasse, porque nem isso sabíamos o que era).
Mas depois,
Depois veio o Desassossego...
E nunca mais lá voltámos.
De almas desfraldadas de amargura,
Corríamos, como se não houvesse fim.
Por todo o lado
Aquela erva fresca,
Enchia os nossos pulmões,
De um ar inesgotável.
A mente esquecia a fome,
Porque éramos saciados na eternidade.
Corríamos,
Como nos sonhos,
Sem cansaço,
Sem ter a necessidade de pensar em algo.
Corríamos
E só isso nos interessava
Não sabendo sequer o que era o Interesse.
Quando ao fundo víamos a nossa ribeira,
Os nossos corações aceleravam.
As pernas numa agonia pacífica
Davam de si.
Num instante éramos
Adão e Eva,
Nus de si para si,
Correndo pelo Éden.
Estávamos tão apaixonados,
Não sabendo como, nem porquê
(Não que isso interessasse, porque nem isso sabíamos o que era).
Mas depois,
Depois veio o Desassossego...
E nunca mais lá voltámos.
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