Que venham ao meu encontro quando os chamo, quando quero, se quiser.
Para um almoço animado, um copo de tinto e eventualmente uma conversa transcendente que nos traga a sensação de que gostamos de viver.
Os vizinhos que venham para se sentirem bem, desejados num momento de partilha, sedentos da gargalhada e embriaguez fáceis.
No tempo morto: os vizinhos nas suas casas. Eu na minha.
Nos tempos escolhidos: encontros ocasionais, opcionais, leves.
Que as tardes de acolhimento sejam só bem passadas. Nos tragam alegrias, histórias para contar e até sonhos ou projectos para nos reencontrarmos em viagens alucinantes mas breves.
O que quero são vizinhos de ocasião, que não me penetrem a alma mas tão somente o estado de espírito.
Quero boas companhias que não me conheçam de verdade.
Quero diálogos entusiastas, sem promessas duradouras.
Quero felicidade em estado puro: passageira.
Não quero o compromisso, a entrega, o conhecimento profundo ou os juramentos eternos.
Não preciso do perdão ou de perdoar.
Não preciso de fazer sofrer nem do sofrimento.
Não preciso de saber o que os move ou paralisa.
Não precisam de saber os meus medos e anseios.
Não farão falta as saudades, as lágrimas ou a desilusão.
Assim serão eternos, os vizinhos do outro lado da montanha.